Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde regista baixa de taxa de desemprego de 2,8 porcento

Praia, Cabo Verde (PANA) - A taxa de desemprego em Cabo Verde caiu em 2017 em 12,2 porcento, o que representa uma redução de 2,8 porcento em relação a 2016, ano em que a mesma atingiu os 15 porcento, apurou a PANA na cidade da Praia, de fonte estatística.

De acordo com indicadores do mercado de trabalho, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2017, a população desempregada em Cabo Verde estava estimada em 28 mil 424 pessoas, ou seja menos oito mil e 531 pessoas relativamente ao ano anterior.
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Entre os homens, o desemprego diminuiu de 12,9 porcento em 2016 para 11,8 porcento em 2017, enquanto, entre as mulheres, este caiu de 17,4 porcento para 12,8 porcento.

Os grupos etários com maior taxa de desemprego são os dos jovens dos 15 aos 24 anos com 32,4 porcento e dos 25 aos 34 com 12,9 porcento.

No meio urbano, a taxa de desemprego foi de 13,4 porcento (16,9 porcento em 2016) e no meio rural de 8,8 porcento (10,3 porcento, em 2016).

Os concelhos de Santa Catarina e da Praia, na ilha de Santiago, apresentaram as maiores taxas de desemprego (16,9 porcento e 16,2 porcento, respetivamente), enquanto o concelho do Tarrafal, na ilha de São Nicolau, apresentou a mais baixa, ou seja 4,3 porcento.

A população cabo-verdiana desempregada era, em 2017, na grande maioria do sexo masculino (53,6 porcento) contra 46,4 porcento do sexo feminino. Em 2016, as mulheres tinham maior peso no desemprego (53,7 porcento).

A idade média dos desempregados era de 30 anos nos homens e de 29 anos nas mulheres.

Também a taxa de subemprego (pessoas que trabalharam menos de 35 horas na semana do inquérito) situou-se nos 16 porcento (menos 3,4 pontos percentuais que em 2016), com maior incidência no meio rural (28,8 porcento) e entre as mulheres (16,8 porcento).

A idade média dos desempregados era de 30 anos nos homens e 29 anos nas mulheres.

Numa primeira reação aos dados do INE, o Movimento para a Democracia (MpD), partido no poder em Cabo Verde, congratulou-se quarta-feira última com a descida da taxa de desemprego em 2017, sublinhando que isso é o efeito da estratégia delineada pelo Governo e dum “bom sinal” de que o país está mais forte.

Conforme o secretário-geral do MpD, Miguel Monteiro, “os dados divulgados pelo INE demonstram que o Governo está a cumprir com o povo cabo-verdiano, sendo que uma das principais metas é a criação líquida de 45 mil postos de trabalho, durante a legislatura, a qual só pode ser atingida através de um crescimento económico contínuo e pujante”.

Neste sentido, ele mostrou-se “confiante” e “convicto” de que a economia cabo-verdiana poderá crescer sete porcento até 2021.

Entretanto, o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), principal força da oposição, considera "enganadora" a descida para 12,2 porcento da taxa de desemprego, defendendo que os dados revelam uma "degradação" de indicadores chaves do mercado de trabalho e destruição de empregos.

“É preocupante ver que a aparente diminuição da taxa de desemprego nos indica que a economia não teve capacidade de geração de empregos. Muito pelo contrário, os dados apontam para a destruição líquida do emprego”, alertou o secretário-geral do PAICV, Julião Varela.

O dirigente oposicionista disse basear a sua afirmação nos indicadores do INE que dão conta da diminuição da população empregada de 209 mil e 725 para 203 mil e 775 pessoas (menos cinco mil 950 pessoas), da redução da taxa de emprego de 54,2 porcento para 51,9 porcento, do aumento em 19 mil e 690 efetivos do número de inativos.

Também mencionou uma taxa de inatividade estimada em 40,8 porcento.

“Se tivermos em conta que foram criados oito mil 531 postos de trabalho e que foram destruídos cinco mil e 950, significa que, em termos líquidos, ficamos com dois mil e 581 empregos, muitíssimo longe dos nove mil e 250 postos de trabalho prometidos”, disse.

“Falar em 12 porcento de desemprego é muito bom, mas pode ser enganador, se analisarmos, friamente, do ponto de vista económico, os dados que contribuem para esta taxa”, acrescentou.

Julião Varela sustentou que a descida da taxa de desemprego se fica a dever, em primeiro lugar, à redução da população ativa a que se juntam os desempregados que deixaram de procurar trabalho por desânimo.

“Os dados do emprego são piores do que os referentes ao ano de 2016, pois apenas 88 porcento das pessoas empregadas em 2016 mantiveram os seus postos de trabalho em 2017", reforçou.

-0- PANA CS/DD 05abril2018