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Cabo Verde quer perdão da dívida externa para atingir ODS

Praia, Cabo Verde (PANA)  – O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulissses Correia e Silva, considerou necessário o perdão da dívida externa do país para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Segundo o governante, trata-se de “um apelo global à ação", lançado pelas Nações Unidas, "para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares possam desfrutar de paz e prosperidade”.

Ulisses Correia e Silva falava segunda-feira na abertutura do Fórum Internacional “Cabo Verde Ambição 2030”, decorrido durante dois dias, na  capital cabo-verdiana, Praia.     

Ele explicou que o perdão da dívida vai ser fundamental para  relançar e recuperar a economia cabo-verdiana dos impactos da covid-19, que levou muitos dos países em desenvolvimento a ficarem “mais pobres”. 

Com as “economias desestruturadas”, acrescentou, esta situação faz com que “muitos caminhos” para o desenvolvimento sustentável fiquem       obstruídos”.    

Segundo o chefe do Governo cabo-verdiano, a “gravíssima crise sanitária social e económica” de impacto mundial atingiu e atinge “de forma intensa todos” os países do Mundo e agudiza as desigualdades entre os países desenvolvidos e países em desenvolvimento".

Acrescentou que a atual crise também exige "soluções colaborativas globais", particularmente o acesso equitativo e universal à vacina e ao financiamento da recuperação e relançamento das economias.

“E neste contexto que se torna necessário montar e operacionalizar soluções consistentes e previsíveis de financiamentos de recuperação e relançamento das economias.

"E temos de bater sempre nesta mesma tecla do alívio e perdão da dívida externa, é uma necessidade de curto prazo com impacto no médio e longo prazo”, insistiu.

Ulisses Correia e Silva explicou que os recursos libertados pelo serviço da dívida pública podem ser utilizados numa perspetiva plurianual para o financiamento dos programas com efeitos de transformação estruturais para que Cabo Verde possa atingir os ODS.

Com este fórum aberto segunda-feira, disse, Cabo Verde reafirma “o forte compromisso e engajamento” com o desenvolvimento sustentável"

Sublinhou que o mesmo exige ultrapassar a crise da pandemia da covid-19 e implementar uma agenda estratégica de desenvolvimento sustentável que torne Cabo Verde “mais resiliente e menos vulnerável” a choques externos.

Ulisses Correia e Silva mostrou-se confiante em como o país vai alcançar o ODS, considerando que a aceleração do crescimento económico é indispensável para a retoma da caminhada do desenvolvimento sustentável.

Recordou que o arquipélago mergulhou no “maior nível de recessão e perda de emprego de todos os tempos” perante a pandemia da covid-19.

Trata-se, segundo ele, dum compromisso que requer também a promoção de transformações estruturais através da economia verde, azul e digital, para tornar o turismo sustentável, diversificar a economia e aumentar a eficiência e a produtividade do país. 

É necessário ter garantias de saúde para todos os Cabo-verdianos, segurança sanitária e bom nível da saúde pública que inclui condições de habitabilidade, acesso às  condições básicas de vida como a água, saneamento, casas de banho, emprego e trabalho digno para os jovens.

"Criação de mais oportunidade para redução da proporção de jovens sem educação, formação e sem emprego, igualdade de género, redução da desigualdade no acesso ao mercado de trabalho e rendimento”, referiu.

Durante o fórum, vai ser realizada uma sessão plenária com vários temas designadamente “Recuperação, estabilização, diversificação e aceleração económica”, “Desenvolvimento do capital humano” e “Investigação, resiliência, gestão do território e desenvolvimento sustentável”.

O fórum servirá também de mote para a aprovação da Agenda Estratégica de Desenvolvimento Sustentável de Cabo Verde, documento que está alinhado com os ODS, propostos pelas Nações Unidas, que apelam a 10 anos de compromissos e entrega totais para que se consiga atingir a meta.

Enquanto Pequeno Estado Insular em Desenvolvimento (SIDS), Cabo Verde, com o apoio dos seus parceiros, tem trabalhado na direção de redução das suas vulnerabilidades e construção da sua resiliência às mudanças climáticas, colmatando assim as distâncias geográficas entre as suas ilhas.

Tem igualmente trabalhado na redução das disparidades regionais, do custo de energia, água e transporte; no aumento da sua produtividade; no investimento no seu capital humano; na promoção do uso sustentável e da conservação de seus recursos naturais - recursos terrestres e marinhos; e de impulsionamento da sua integração dinâmica no sistema económico global.

-0-  PANA CS/IZ  29set2020