Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde pode perder 162 milhões de euros devido à pandemia de Covid-19, diz governante

 

 

Praia, Cabo Verde (PANA) - Cabo Verde perderá 18 mil milhões de escudos cabo-verdianos (cerca de 162 milhões de euros) em receitas públicas, devido à crise económica provocada pela pandemia de Covid-19, alertou o vice-primeiro-ministro e ministro das Financias de Cabo Verde, Olavo Correia.

O governante fez este anúncio quando falava terça-feira à imprensa, após a assinatura de um acordo assinado na manhã do mesmo dia, em reunião do Conselho de Concertação Social, com parceiros sociais.

Advertiu que “o cenário que nós temos é um cenário difícil para a economia cabo-verdiana nos próximos tempos.”

Trata-se de um cenário de recessão económica, de redução das receitas públicas, no montante de quase 18 milhões de contos que o país vai perder pelo efeito desta epidemia, e que põem em causa empregos, alertou.

No entanto, ele esclareceu que, nos próximos três meses, período em que vigora o acordo firmado com parceiros sociais, “não podemos governar para as estatísticas, não podemos governar para os indicadores nem para os rácios económicos, que são importantes, como é óbvio.”

Segundo ele, nos próximos três meses, “temos de trabalhar para protegermos as pessoas, o emprego e os rendimentos”.

“Todo o esforço do Governo vai no sentido de proteger as vidas das pessoas, mas, ao mesmo tempo, temos de cuidar também do rendimento e do emprego dos cabo-verdianos. O emprego e o rendimento estão hoje ameaçados por esta epidemia e por esta crise, quase um tsunami económico, como já foi referido”, apontou.

Cabo Verde regista atualmente dois casos confirmados de Covid-19 e um óbito, todos turistas estrangeiros confinados na ilha da Boa Vista, que está em quarentena, isolada das restantes ilhas do país.

Contudo, os efeitos da pandemia já se fazem sentir na economia, devido às restrições impostas pelo Governo para evitar a propagação da doença ao arquipélago.

O país já se encontra fechado às ligações aéreas internacionais, medida preventiva que, por outro lado, retira a principal fonte de rendimentos de Cabo Verde, que em 2019 recebeu cerca de 800 mil turistas.

“Cabo verde tem hoje mais de 200 mil pessoas empregadas, das quais cerca de 80 mil no setor privado e 20 mil no setor do turismo, no da restauração e em atividades conexas. E a nossa prioridade número um é trabalhar em parceria com o setor privado, com sindicatos, para protegermos cada emprego, para garantirmos o rendimento às pessoas”, garantiu Olavo Correia.

Para já, conforme acordo assinado em Concertação Social, avançam medidas de apoio às empresas e respetivas tesourarias, como linhas de financiamento e suspensão de pagamentos, com o “princípio da manutenção do emprego”.

Olavo Correia assegurou que “tudo será feito” para se evitar o sofrimento das pessoas, admitindo mesmo medidas adicionais para “garantir o emprego e proteger o rendimento” dos cabo-verdianos.

“Estamos firmes, estamos determinados e estamos todos juntos aqui para trabalhar para permitirmos que o efeito negativo sobre as pessoas seja o mínimo possível”, garantiu Olavo Correia.

O Governo estima para este ano uma recessão, após vários anos a crescer a mais de cinco por cento, e prevê aprovar um Orçamento Retificativo até junho próximo, indicou o governante.

-0- PANA CS/DD 25março2020