Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde lamenta morte de linguista angolana Amélia Mingas

 Praia, Cabo Verde (PANA) - O Governo de Cabo Verde lamentou a morte por doença, segunda-feira, em Luanda, da linguista angolana Amélia Mingas, antiga diretora executiva do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), que tem a sua sede na capital cabo-verdiana, Praia.

Em declarações terça-feira à imprensa, o ministro cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros e Comunidades de Cabo Verde, Luís Filipe Tavares, considerou o falecimento da linguista, de 73 anos, uma perda para toda a comunidade que fala a mesma língua.

“É com tristeza que recebi a notícia da morte da doutora Amélia Mingas, antiga diretora do IILP. A comunidade de língua portuguesa ficou agora mais pobre com o desaparecimento físico de uma professora e linguista de exceção”, declarou.

Também várias outras personalidades cabo-verdianas lamentaram, através de publicações nas redes sociais, a perda desta que foi decana da Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto (UAN), em Luanda.

“Recebo a triste notícia da morte de Amélia Mingas, de quem fui amigo, quando dirigia em Cabo Verde o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP). Amélia Mingas desenvolveu o projeto das Colectâneas da Literatura Oral da CPLP de/em Língua Portuguesa, uma das melhores iniciativas do IILP”, disse o escritor Filinto Elísio.

“Hoje a notícia da morte da Amélia Mingas me deixa arrasada pelos laços que com ela teci no IILP e a amizade pessoal daí nascida. Por ela fui convidada a apresentar a extraordinária coleção de literatura oral em língua portuguesa. Muitos momentos exaltantes vivemos juntas no trabalho e na convivência”, recordou por seu turno a escritora Fátima Bettencourt, que endereçou condolências à família da malograda.

Amélia Arlete Vieira Dias Rodrigues Mingas era natural de Luanda e ocupou vários cargos de direção, entre os quais o de diretora executiva, entre 2006 e 2009, do IILP, organismo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Enquanto diretora do IILP, defendeu o estabelecimento de uma política linguística comum aos oito Estados lusófonos que têm o português como língua oficial. Também coordenou cinco Coletâneas da Literatura Oral da CPLP em Língua Portuguesa.

As obras bilingues (português e crioulo) abrangem parte do acervo de contos, adivinhas e provérbios dos países-membros da CPLP e são dirigidas ao público jovem, fazendo com que os povos que compõem a comunidade de língua portuguesa se aproximem pelo que têm de mais genuíno e autêntico, na sua verdadeira essência.

Professora e linguista, Amélia Mingas preocupava-se com a problemática da convivência entre as línguas africanas e portuguesa, tendo publicado um trabalho intitulado "Interferência do Kimbundu no Português Falado em Luanda".

Em Angola, a professora coordenou o departamento de Língua Portuguesa do Instituto Superior de Ciências da Educação de Luanda (ISCED), dirigiu igualmente o Instituto Nacional de Línguas do Ministério da Cultura.

Amélia Mingas, regente do curso de licenciatura e docente de Língua Portuguesa, foi a primeira decana da Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto (UAN), entre 2010 a 2015. Foi também a primeira professora catedrática (ou titular) da UAN.

Além de trabalhar em investigação, Amélia Mingas foi responsável pela cadeira de Linguística Bantu na UAN.

-0- PANA CS/IZ 14ago2019