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Cabo Verde faz requisição civil para minimizar efeitos da greve na Polícia

Praia, Cabo Verde (PANA) - O Governo de Cabo Vedre decidiu decretar a requisição civil do pessoal policial da Polícia Nacional (PN), a decorrer entre esta quarta-feira até sexta-feira, 29, para assegurar a prestação dos serviços considerados “indispensáveis” durante a greve em curso na corporação.

Segundo uma Resolução do Conselho de Ministros, pretende-se ainda garantir os serviços tidos como necessários e adequados à satisfação de necessidades “impreteríveis” da comunidade.

Em comunicado, o Executivo cabo-verdiano explica que tomou esta decisão “uma vez que não foi possível chegar a acordo quanto aos serviços mínimos a serem garantidos durante a greve”.

O documento precisa que a requisição civil decretada é abrangente, pelo facto de, nesta quadra festiva, tal como acontece todos os anos, decorrer a operação “Natal e Fim de Ano em segurança” da Polícia Nacional, que envolve todos os efetivos operacionais, bem como os efetivos que normalmente desempenham funções burocráticas na PN.

O Governo justifica ainda a sua decisão com a necessidade de garantir a ordem e a segurança públicas, a proteção da vida dos cidadãos, da sua integridade física e patrimonial, a paz social e coletiva, “valores fundamentais para a sociedade cabo-verdiana, particularmente nesta época do ano em que se aspira por harmonia e por tranquilidade”.

O objetivo principal é "salvaguardar os interesses essenciais e fundamentais do país e garantir as condições necessárias para a realização de atividades sociais, comerciais, recreativas e familiares, em paz e segurança ”.

Em declarações à agência cabo-verdiana de notícias (Infopress), o presidente do Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL), José Barbosa, disse que a greve “manter-se-á” para os dias 27, 28 e 29 deste mês”.

“Havia um acordo em que a atualização salarial se fizesse a partir de janeiro de 2018”, revelou o sindicalista, sublinhando que o Governo acabou por “dar o dito por não dito”.

Para o líder do SINAPOL, “faltou outra vez a diplomacia por parte do Ministério da Administração Interna (MAI)”, uma vez que não obstante ter recusado a atualização do salário da PN, “não tem nenhuma perspetiva à volta disto”.

De acordo com o sindicalista, os perto de dois mil oficiais e agentes que integram a PN devem sair à rua em protesto, seguido da greve-geral, em todas as ilhas de Cabo Verde.

Em causa está a alegada violação do Memorando do Entendimento com as reivindicações da classe assinado no passado mês de março entre o SINAPOL e o Ministério da Administração Interna (MAI), que foi negociado com a mediação da Direção Geral do Trabalho.

Está igualmente em causa a não satisfação de um pacote de reivindicações pendentes, com destaque para a atualização salarial do pessoal da Policia Nacional, com efeito a partir de 01 de janeiro de 2018, como havia sido acordado entre as partes.

A redução da carga horária, que vem prejudicando a grande maioria do pessoal da PN, a introdução de regulamento de Trabalho e o pagamento do subsidio de condição policial ao pessoal da Guarda Fiscal, com efeito retroativo fazem igualmente parte das reivindicações.

O último ponto do caderno reivindicativo é o pagamento dos 25 porcento sobre o vencimento, relativos ao subsídio de condução, ao pessoal da PN que exerce cumulativamente as funções de condutores auto e de moto da classe.

-0- PANA CS/IZ 27dez2017