Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde está “muito engajado” na implementação da ZCLCA, diz governante

Praia, Cabo Verde (PANA) - Cabo Verde está “muito engajado” no processo da implantação da Zona de  Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA), declarou quarta-feira, na cidade da Praia, o vice-primeiro-ministro do arquipélago, Olavo Correia.

O governante lembrou que Cabo Verde foi um dos países africanos que assinaram o Tratado, a 22 de marco de 2018, em Kigali (Rwanda).

Ressaltou que Cabo Verde é um país arquipelágico e pequeno em termos de dimensões geográficas e que, por isso, para que se possa integrar no continente africano com vantagens, deve “negociar a sua especificidade”, quer ao nível da Comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), como a nível do continente africano.

“Nós temos que criar as condições para garantir a conetividade. Não pode haver comércio sem transportes marítimos. É uma ilusão pensar em acordos aduaneiros, a nível do comércio e todos esses instrumentos jurídicos e depois não termos ligações marítimas entre Cabo Verde e o continente africano”, prosseguiu.

Ele entende ainda que não há comércio possível sem a conetividade aérea, marítima e tecnológica, sem a livre circulação de bens, pessoas e capitais.

O governante cabo-verdiano considera que a entrada em vigor da ZCLCA irá criar oportunidades, em África, para que a nível do continente se possa aproveitar todas as oportunidades.

Na opinião do também ministro das Finanças, as oportunidades a serem aproveitadas são aquelas que existem nos domínios do turismo, do comércio, da indústria, da energia e da tecnologia.

No entender do governante cabo-verdiano, África, para se desenvolver, “precisa de ter uma mudança da abordagem de atitude”.

“Nós não podemos ter um continente que importa quase tudo do exterior. Quando o continente africano importa do exterior, ele estará a criar oportunidades em outros países do Mundo”, defendeu.

Quando assim é, acrescentou, levará a juventude africana a procurar emigrar para outras partes do Mundo em situações sub-humanas e “que não dignificam qualquer político africano que está engajado e comprometido com o melhor futuro para África”.

Para Olavo Correia, se forem criadas oportunidades em África de produção, inovação, exportação, haverá condições para que todos possam viver com dignidade em África.

“Para construirmos um futuro melhor para o continente africano, este é o primeiro ponto. Segundo ponto, que me parece muito importante para África é que nós temos que ter um continente de paz, de estabilidade, de democracia e que respeite os direitos do homem”, sublinhou.

Ainda nas suas declarações, o número dois do Executivo liderado pelo primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva referiu que é “essencial” que todos os países se unam em relação a isso, porque, defendeu, “não faz sentido que haja partido de soberania, num estado que não seja democrático, num quadro de permanente instabilidade”.

A maioria dos 55 Estados-membros da União Africana (UA) assinou, em marco de 2018, o acordo que cria a Zona de  Comércio Livre Continental Africana, numa cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo em que Cabo Verde esteve representado pelo ministro da Indústria, Comércio e Energia, Alexandre Monteiro.

Para além do Acordo que cria a Zona de Comércio Livre Continental Africana, os Estados-membros da UA assinaram a Declaração de Kigali e o Protocolo sobre Livre Circulação de Pessoas, Direito de Residência e de Estabelecimento, este último sem a participação cabo-verdiana.

No total, o acordo foi assinado durante os trabalhos da cimeira extraordinária da organização pan-africana por 44 dos 55 Estados-membros.

Na altura, a Nigéria, uma das mais poderosas economias africanas e o país mais populoso do continente, não assinou o documento e pediu mais tempo para analisar as implicações da iniciativa à qual veio a aderir pouco tempo depois.

A Zona de Comércio Livre, que visa fortalecer os fragmentados mercados africanos e a presença, a uma só voz, na cena internacional nas negociações com outros blocos, vai permitir apoiar o desenvolvimento de um continente com cerca de um bilião e 200 milhões de habitantes.

-0- PANA CS/IZ 13fev2020