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Cabo Verde equipa barcos de pesca com motores elétricos

Praia, Cabo Verde (PANA) – O Governo de Cabo Verde apresentou, quinta-feira, na cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente, um projeto-piloto desenvolvido pelo Ministério da Economia Marítima, para introduzir  motores elétricos nos mais de mil botes de pesca  existentes no país, apurou a PANA na cidade da Praia.

O projeto-piloto desenvolvido em parceria com a empresa alemã Torqeedo vai arrancar em janeiro próximo, e a sua apresentação ocorreu no âmbito da segunda edição do Cabo Verde Ocean Week, que está a decorrer na ilha de São Vicente.

A coordenação do projeto está a cargo de António Barbosa, assessor do ministro da Economia Marítima para área dos transportes marítimos.

Segundo Barbosa, 80 por cento dos mais de mil botes existentes atualmente, em Cabo Verde, são motorizados, sendo objetivo do projeto-piloto sensibilizar os pescadores às potencialidades dos motores elétricos, em alternativa aos convencionais, que recorrem a combustíveis fósseis.

“Por cada bote, a bateria e o motor custam cerca de mil contos (9.000 euros), mas o retorno desse investimento é realizado em pouco mais de um ano”, explicou o responsável, sublinhando a importância deste projeto pelas questões ambientais, na redução das emissões de dióxido de carbono, e na balança de pagamentos do país, com o fim da importação de combustíveis fósseis.

Com a sua implementação, o Governo estima poupar três mil toneladas de combustíveis fósseis e cortar 15 mil toneladas anuais na libertação de dióxido de carbono.

O projeto arranca na ilha de São Vicente, no âmbito do programa de transição energética do Governo cabo-verdiano, e prevê duas baterias em cada barco e um motor elétrico de baixa potência.

Estão ainda a ser estudadas formas de financiar a aquisição destes sistemas com incentivos fiscais como já acontece com as viaturas elétricas.

“Estamos a tentar convencer os pescadores, na construção dos botes, a contemplar um painel solar, na ordem dos 500 a mil watts, funcionando como um tejadilho para dar sombra também e para carregar as baterias”, acrescentou.

O sistema está assente na recarga das baterias através de painéis solares, mas está em cima da mesa igualmente a possibilidade de carregamento através de pontos em terra, a instalar pelas associações de pescadores.

Este projeto-piloto está essencialmente voltado para a pesca artesanal cabo-verdiana, afetada pela “volatilidade” do preço da gasolina, o principal combustível destes motores.

“A ideia é substituir esses motores [de combustão] por motores elétricos. Há que explicar aos pescadores as vantagens, o que está em causa”, sublinhou António Barbosa.

-0- PANA CS/IZ 29nov2019