Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde enfrenta maior praga de gafanhotos dos últimos 50 anos

Praia, Cabo Verde (PANA) - Cabo Verde enfrenta a maior praga de gafanhotos dos últimos 50 anos, sem previsão para a sua eliminação, declarou o diretor-geral da Agricultura no país, José Teixeira.

Em conferência de imprensa, sexta-feira última, na cidade da Praia, sobre o ponto da situação no combate à praga no país, Texeira anotou que, depois de três anos consecutivos de seca, voltou a chover este ano em Cabo Verde mas que uma praga de gafanhotos começou a afetar terras áridas e semiáridas das ilhas de Santiago, Brava, São Nicolau e São Vicente.

O responsável explicou que a "explosão fora do normal" de gafanhotos em Cabo Verde deve-se à humidade provocada pelas chuvas de setembro último e à alta temperatura, o que, a seu ver, favoreceu a eclosão dos ovos.

Em meados de setembro último, o Governo de Cabo Verde anunciou que a praga é uma situação de emergência, reforçando consequentemente a campanha de combate com militares, dos quais 53 formados para o efeito, e com 98 tratadores.

No entanto, depois dos meios rurais da ilha de Santiago, onde a situacao já esta sob controlo, o flagelo atingiu o espaço urbano da capital do país, alertou José Teixeira,

Acrescentou que a situação ficou "um pouco mais expressiva", com animais a invadir casas e  jardins, como é o caso do bairro da Cidadela, onde ele deu esta conferência de imprensa.

Na capital do país, disse o diretor-geral Agricultura, a prioridade foi dada ao Aeroporto Internacional da Praia Nelson Mandela, onde havia risco de aviões falharem a aterragem por causa dos pássaros que vão lá para comer gafanhotos.

"Tivemos que intervir rapidamente com uma brigada, que ainda está lá para fazer prospeção", referiu.

Indicou que, depois disso, equipas foram chamadas para atuarem nos palácios da Presidência, do Governo e da Assembleia Nacional.

O combate está a ser feito com produtos químicos, mas, segundo ele, o Governo está a pensar em construir uma pequena fábrica para, a partir do próximo ano, começar a produzir um produto que combate gafanhotos biologicamente.

"A estratégia do Ministério vai no sentido de utilizar menos químicos e dar conforto aos consumidores", prosseguiu.

Frisou que já há uma equipa no terreno a estudar os impactos ambientais e sociológicos da praga de gafanhotos.

"Estamos trabalhando no sentido de, em 2020, podermos não passar por situações do tipo, porque pensamos em controlar isso biologicamente. Tal como estamos a fazer com a lagarta do cartucho do milho, existe um produto, um fungo, que combate o gafanhoto biologicamente", avançou.

O responsável aproveitou para tranquilizar a população, garantindo que os gafanhotos não transmitem qualquer doença ao homem, ao contrário do que acontece com mosquitos.

Porém, o diretor-geral da Agricultura não se comprometeu a avançar uma data para a eliminação desta calamidade no país, mas explicou que o gafanhoto tem um ciclo de vida de 24 dias, mas que todos não nasceram ao mesmo tempo.

"Enquanto tivermos comida, vamos ter gafanhotos. É por isso que o Ministério da Agricultura reforça, no máximo possível, o pessoal de terreno para, num curto intervalo de tempo, poder diminuir a população e repor o equilíbrio", precisou.

Jose Teixeira revelou  que o país vai ter até cerca de quatro milhões de escudos cabo-verdianos (963 mil euros) de custos operacionais para o combate, mas sem incluir viaturas e equipamentos de tratamento.

-0- PANA CS/DD 05out2019