Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde em alerta para prevenir Covid-19 através de navios

Praia, Cabo Verde (PANA) - Os navios de cruzeiro que aportam Cabo Verde, principalmente em São Vicente, representam uma preocupação acrescida para autoridades sanitárias do país, no caso de chegarem ao arquipélago  ainda dentro do período de incubação do Covid-19.

Em declarações à imprensa, o diretor nacional da Saúde, Artur Correia, explicou que um barco que demora mais de 14 dias para chegar a Cabo Verde representa sempre uma preocupação.

Mas se, por outro lado, a duração da viagem for menos de 14 dias, já será uma “preocupação acrescida”, porque estará dentro do período de incubação do vírus, disse.

No entanto, esclarece que as autoridades cabo-verdianas, tanto marítimas, portuárias e sanitárias estão todas em sintonia e alertas e com informações atempadas sobre a chegada dessas embarcações que, geralmente, transportam muitos passageiros a bordo, para alem da tripulação.

“Antes da chegada dos navios saberemos de onde vêm e quantos dias de viagens estão a fazer para chegarem a Cabo Verde. Também procuraremos saber atempadamente qual que é a situação de saúde dos tripulantes e passageiros”, sustentou.

Tudo isto, segundo Artur Correia, para avaliar o risco e assim interditar o desembarque de pessoas em situações de risco, conter os casos identificados e isolá-lo imediatamente e evitar o alastramento no país.

Assegurou que não há casos de coronavírus no país e que o Governo está atento também aos voos provenientes da Itália, atualmente cancelados, e de Portugal, país onde já foram detetados vários casos de Covid-19 e que continua a manter ligações aéreas diárias com Cabo Verde.

De acordo com informações divulgadas pela empresa pública de administração e gestão do portos de Cabo Verde (ENAPOR), entre os mais de um milhão de passageiros registados estão 48 mil 500 turistas em viagens de cruzeiro que visitaram Cabo Verde em 2019.

Trata-se de um aumento de três por cento face ao ano anterior e um novo recorde, segundo a mesma fonte.

De acordo com o referido relatório estatístico de 2019, os portos cabo-verdianos receberam então, no total, 48 mil 495 passageiros de navios de cruzeiro, um aumento de mil 415 face a 2018 (+3%).

Já em 2018, os turistas que chegaram a Cabo Verde em navios de cruzeiro tinham batido um recorde, ultrapassando os 47 mil. Tratou-se então de um aumento de 10 mil turistas face a 2017 (+24%).

Globalmente, os portos de Cabo Verde receberam, em 2019, um total de sete mil 862 navios, de todo o tipo de carga e passageiros (-1% face a 2018). Destes, 147 eram navios de cruzeiro, o que representou uma quebra de 26,1 por cento face aos 199 registados, em 2018.

Estas escalas de navios de cruzeiro estão praticamente concentradas no Porto Grande (26.021 passageiros), no Mindelo, na ilha de São Vicente, que aumentou 14,8 por cento face a 2018, e no Porto da Praia (14.107 passageiros), ilha de Santiago, neste caso com uma quebra homóloga de 22,5 por cneto.

No relatório da Enapor de 2018, a empresa já destacava que o “negócio de cruzeiros em Cabo Verde alcançou um novo marco” naquele ano, com um recorde de escalas de navios de cruzeiro nos portos nacionais.

Segundo o mesmo relatório, 2018 ficou ainda “marcado pela assinatura do donativo de 10 milhões de euros do Governo holandês, através do Fundo Orio, para o financiamento da construção do terminal de cruzeiros do Mindelo”.

O ano de 2018 ficou igualmente marcado pela entrada da Enapor na lista dos associados da MedCruise – Associação dos Portos de Cruzeiros do Mediterrâneo, que representa mais de 100 portos e 30 empresas.

A construção do futuro terminal de cruzeiros da ilha cabo-verdiana de São Vicente deve avançar ainda em 2020, num investimento público superior a 2.900 milhões de escudos cabo-verdianos (26,2 milhões de euros) em três anos, prevendo movimentar, anualmente, 200 mil passageiros.

A informação consta da lei do Orçamento do Estado para 2020, sendo uma das mais emblemáticas obras públicas projetadas pelo Governo para este ano, já com uma dotação orçamental para o arranque da empreitada de 972 milhões de escudos (8,8 milhões de euros).

Em 2021, o Governo prevê uma dotação de 1.152 milhões de escudos (10,4 milhões de euros) para os trabalhos na infraestrutura, acrescidos de 779 milhões de escudos (sete milhões de euros) em 2022, ano em que o terminal de cruzeiros de São Vicente deverá ficar concluído.

“O Governo pretende transformar Cabo Verde numa plataforma marítima, devendo ser implementada a Zona Económica Especial de Economia Marítima, garantindo a inserção competitiva de Cabo Verde na economia regional e internacional”, lê-se no documento.

Acrescenta que “para atingir esse objetivo, na ilha de São Vicente será construído um terminal de cruzeiros, que terá um impacto enorme nas economias de São Vicente e Santo Antão, assim como um efeito indutor na economia de Cabo Verde”.

-0- PANA CS/IZ 10março2020