Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde e Angola querem estabelecer parceria entre as suas companhias áreas

Praia, Cabo Verde (PANA) - Os Governos cabo-verdiano e angolano, anunciaram quarta-feira, na cidade da Praia,  querer estabelecer uma parceria entre as companhias aéreas de bandeira dos dois países, respetivamente TACV e TAAG, com base na “retração da procura” no setor da aviação civil, devida à pandemia da covid-19, apurou a PANA de fonte segura.

O anúncio foi feito em conferência de imprensa conjunta pelo ministro cabo-verdiano dos Transportes, Carlos Santos,  sobre o balanço de dois dias de visita a Cabo Verde do seu homólogo angolano, Ricardo Abreu.

Sem entrar em detalhes sobre as negociações ocorridaas em paralelo entre as administrações das duas companhias aéreas públicas, assegurou que, em breve, serão apresentadas as "complementaridades" possíveis entre ambas as partes.

"Chegamos à conclusão de que há de facto entre os dois países, entre as duas nações irmãs, espaço para uma maior intensificação nas relações, oportunidades muito interessantes que podem ser extraídas pelas empresas TACV e TAAG", destacou o govenante cabo-verdiano.

Carlos Santos reforçou  que este reforço na aproximação de Cabo Verde com Angola, no domínio dos transportes aéreos, pode também passar pelo relacionamento entre as agências reguladores da aviação civil ou dos transportes marítimos, temas igualmente abordados nos últimos dias com a delegação angolana.

"E podemos dizer que estamos a olhar seriamente para a criação de uma verdadeira parceira estratégica entre Angola e Cabo Verde, no domínio dos transportes, sejam eles aéreos, sejam eles marítimos", afirmou Carlos Santos.

Disse ainda que está prevista a retoma da atividade da TACV no primeiro trimestre de 2022, com voos suspensos de março de 2020, apesar de admitir tratar-se de um processo complexo, devido aos efeitos da pandemia da covid-19, ficando expetante nqauanto à aproximação com a angolana TAAG.

"Mas podemos dizer que dessas reuniões saíram alguns entendimentos sobre o formato de parceria que pode existir entre estas duas companhias, que pertencem a dois países inseridos em áreas geoestratégicas e geoeconómicas distintas e que podem, daí, surgir complementaridades de negócio", apontou, recordando que as duas empresas já tinham outros acordos, como o de 'codeshare', antes da pandemia.

Para Carlos Santos, é preciso agora "operacionalizar estas ideias" de parceria. "Como é que nós podemos fazer com que uma vantagem da TAAG possa ser bem utilizada pela TACV, e como é que vice-versa também pode ser feito", acrescentou..

Por sua vez, o ministro angolano dos Transportes disse esperar que os vários acordos e protocolos no domínio dos transportes entre os dois países, assinados sobretudo desde 2018, passem a ser "mais eficazes e efetivos, a partir de agora", com encontros períodicos entre os dois Governos e com o "desejado" envolvimento do setor privado de Angola e Cabo Verde.

"No domínio comercial temos, sim, a oportunidade de procurar restabelecer a ligação da TAAG a Cabo Verde, procurando também tirar partido daquilo que são as oportunidades para além de Cabo verde, dando suporte à ideia da constituição de um 'hub'  (plataforma) aqui em Cabo Verde, nesta região, assim como também complementar esse 'hub' com o de Luanda, que também é nossa intenção estratégica", afirmou Ricardo Viegas d'Abreu.

O governante angolano, que terminou uma visita de três dias a Cabo Verde, explicou que o "foco" das companhias aéreas de bandeira dos dois países são os continentes europeu e americano, e respetivas ligações às regiões africanas em que Cabo Verde e Angola estão inseridas, através dos 'hub' que estavam em implementação antes da pandemia da covid-19, na ilha cabo-verdiana do Sal e em Luanda, a capital angolana..

"É nosso desejo, a nível de Angola, manter a companhia aérea de bandeira [TAAG] enquanto instrumento estratégico do país, mas esse crescimento tem de ser feito num formato mais sustentável, face aos impactos da pandemia, apontando a necessidade de estabelecer parcerias", disse..

"E Cabo Verde é claramente um parceiro natural e a TACV  (Transportes Aéreos de Cabo Verde) um parceiro natural da TAAG", enfatizou Ricardo Viegas d'Abreu, defendendo que o "novo normal" pós-pandemia favorece "parcerias" nos mercados onde as companhias estão inseridas.

-0- PANA CS/DD 04novembro2021