Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde defende abordagem realista para ultrapassar crise na Guiné-Bissau

Praia- Cabo Verde (PANA) -- O Presidente cabo-verdiano, Pedro Pires, disse terça-feira na Praia que a situação político-militar na Guiné-Bissau "é complexa e pede uma abordagem realista, diria inteligente, para se poder encontrar os caminhos para a sua solução".
Durante uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo português, Aníbal Cavaco Silva, que se encontra em visita oficial ao arquipélago, o chefe de Estado cabo-verdiano garantiu que a situação reinante na Guiné-Bissau "está na agenda comum" dos dois países, bem como de várias organizações internacionais.
Pedro Pires afirmou que a Guiné-Bissau tem poderes legítimos eleitos, mas reconheceu há "um outro poder, que se manifesta e interfere frequentemente na vida política, que é a instituição militar".
Por isso, o Presidente cabo-verdiano considera que a intervenção da comunidade internacional "terá que ser no sentido de encontrar a melhor via para a normalização institucional no país".
Entretanto, Pedro Pires confirmou que a questão será abordada na Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) prevista para 23 de Julho em Luanda, capital de Angola.
Por sua vez, o Presidente português, Aníbal Cavaco Silva, defende que a CPLP e outras instituições e organizações da comunidade internacional podem "dar um contributo da maior importância" para ultrapassar a crise na Guiné-Bissau.
"Nós depositamos neste momento grande confiança no acompanhamento da situação guineense que está a ser feito no âmbito da CEDEAO, da CPLP, da UE e das Nações Unidas", precisou.
Cavaco Silva realçou também a "grande convergência de pontos de vista" existente entre Portugal e Cabo Verde sobre a situação reinante na Guiné- Bissau.
A nomeação de António Indjai para chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau foi vivamente criticada pela União Europeia, pelos Estados Unidos e pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) na mais recente cimeira da organização sub-regional realizada na ilha cabo-verdiana do Sal.
António Indjai é tido como o principal responsável pela intervenção militar de 1 de Abril, que culminou na detenção e na deposição do ex-chefe das Forças Armadas, o almirante Zamora Induta.
O primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, também tinha sido detido durante a insurreição militar antes de ser libertado.