Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde declara "tolerância zero" à corrupção em seu território nacional

Praia, Cabo Verde (PANA) – O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, reiterou terça-feira na cidade da Praia o engajamento do seu país no combate à criminalidade organizada transnacional declarando “tolerância zero” à corrupção, seja ela financeira, política ou eleitoral.

Os fenómenos da criminalidade organizada adoecem qualquer sociedade, diluem os valores e legitimam a ganância, fortalecendo a percepção de que vale tudo para se obter vantagem individual, sublinhou o chefe de Governo cabo-verdiano quando procedia à abertura de uma conferência dos Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) mais Timor-Leste.

“Quando existem condições favoráveis à disseminação desses valores perversos numa sociedade jovem cosmopolita e cada vez mais ansiosa por se realizar materialmente o combate aos fenómenos da criminalidade organizada, torna-se muito mais difícil porque pode entranhar-se em diversos segmentos da sociedade”, alertou.

Consequentemente, o chefe do Governo cabo-verdiano achou "necessário" fortalecer-se a sociedade em termos de valores através das escolas, da comunicação social, das igrejas e das comunidades organizadas e, principalmente, em termos de autoridade moral dos governantes e dos titulares da administração do Estado.

“Devemos começar pela tolerância zero à corrupção, seja ela financeira, politica ou eleitoral. Cabo Verde não pode ser um facilitador de tráficos internacionais de droga e de pessoas, nem um transitório e muito menos um depósito desses tráficos", declarou.

Para o efeito, Ulisses Correia e Silva reafirmou que há todo o engajamento de Cabo Verde numa luta que tem de ser feita em conjunto na perspetiva da segurança cooperativa.

“Seja pela intervenção legislativa, pelo desenho e implementação de políticas públicas e pela disponibilização de meios, seja a nível do aparelho judiciário, é preciso cerrar fileiras nas respostas adequadas e firmes e consistentes que o fenómeno da criminalidade organizada exige”, sustentou.

Acrescentou ainda que os eixos de intervenção para o fortalecimento dos mecanismos de combate à criminalidade organizada e aos crimes conexos são os mesmos que devem nortear a intervenção para todo o fenómeno criminal, designadamente o engajamento político sustentado, a formulação de políticas, o conhecimento e a capacitação de intervenção.

Neste sentido, ele garantiu que o Governo de Cabo Verde está muito engajado em encontrar todas as formas necessárias para iniciar, desenvolver e suportar reformas que entender necessárias e criar ou consolidar mecanismos que se entenderem adequados.

“O nosso parelho securitário, em particular os órgãos da policia criminal, é prioritário para nós”, precisou o primeiro-minisro cabo-verdiano na abertura desta conferência que decorre sob o lema "Criminalidade Organizada e Estado de Direito".

Representantes dos PALOP e de Timor-Leste participam neste encontro organizada pelo Projeto de Apoio à Consolidação do Estado de Direito nesta comunidade.

O objetivo da conferência é essencialmente desenvolver uma reflexão sobre os princípios e as melhores estratégias para o reforço e a consolidação do Estado de Direito em contextos de prevenção e combate à criminalidade organizada.

Este é um problema também para o contexto dos PALOP, onde se insere Cabo Verde, país, devido à sua localização e condicionante geográfica, se encontra particularmente exposto a fluxos de tráfico de droga transcontinentais e a outros fenómenos preocupantes de criminalidade organizada.

-0- PANA CS/DD 30nov2016