Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde cria comissão de combate à criminalidade

Praia Cabo Verde (PANA) – O Governo cabo-verdiano já criou uma Comissão de Combate à Criminalidade Organizada, que irá coordenar estratégias para "combater e cercar o crime", anunciou segunda-feira a ministra cabo-verdiana da Justiça, Janine Lélis.

Falando no ato em que conferiu posse ao novo diretor da Polícia Judiciária (PJ) cabo-verdiana, António Sebastião Sousa, ela revelou também a criação de um fundo autónomo direcionado aos investimentos no setor da Justiça, bem como a revisão em curso do atual estatuto da PJ a ser "brevemente" agendado para debate na Assembleia Nacional (Parlamento).

Ela garantiu ainda que, em 2017, serão contratados mais agentes para reforçar os recursos humanos, fazendo com que aconteça a progressão na carreira, adquiridas novas viaturas equipadas e modernizados os meios de investigação.

"Temos a ambição de querer dotar a PJ de uma base de dados de identificação e comparação de impressões digitais, passando a dispor de um sistema de informação de alta fiabilidade, que facilitará não só ações de prevenção e investigação, como também a resolução de inúmeros processos judiciais", perspetivou a governante.

Presente na cerimónia de posse do novo diretor da polícia científica cabo-verdiana, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, reconheceu também que o país enfrenta desafios e ameaças na área da segurança interna e externa, considerando que só serão resolvidos com o reforço das alianças securitárias a nível da segurança.

Neste sentido, ele prometeu que o Governo "fará tudo" para que a PJ desenvolva as suas funções com eficácia e eficiência, e prometeu vontade política, apoio, criação de condições e dotação de meios e recursos para o bom funcionamento da instituição.

"É um imperativo nacional o combate ao crime e todas as suas manifestações", salientou o chefe do Governo, pedindo também envolvimento dos funcionários e maior coordenação e integração com a PJ, criada há 23 anos, e demais forças de segurança do país.

Por sua vez, o novo diretor da PJ cabo-verdiana reconheceu que é preciso estancar a criminalidade complexa, violenta e de difícil investigação no país para poder evitar consequências maiores.

Ele enumerou o tráfico de drogas e de pessoas, branqueamento de capitais, corrupção, criminalidade urbana, crimes cibernéticos e indícios de imigração ilegal para exploração sexual ou laboral como atividades criminosas a que importa dar toda a atenção.

"Cabo Verde continua sendo utilizado como plataforma de tráfico de cocaína proveniente da América Latina com destino aos mercados europeus e não só, beneficiando de variadas conexões que se cruzam tanto no território nacional como na diáspora", precisou.

Este magistrado, que substituiu o também magistrado Patrício Varela, assinalou que está a assumir a direção da PJ “num contexto de particular complexidade” e num quadro que “deve suscitar preocupações a todas as autoridades, instituições e cidadãos”.

Isto porque, segundo ele, Cabo Verde está perante “uma criminalidade complexa, brutal, extremamente violenta e de muito difícil investigação que, se não for atempadamente estancada, pode atingir as proporções já conhecidas no país".

-0- PANA CS/IZ 23ago2016