Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde com baixa prevalência do novo coronavírus

Praia, Cabo Verde (PANA) - Cabo Verde regista ainda uma prevalência muito baixa (0,4%) do novo coronavírus na sua população, o que reforça a necessidade da tomada de “medidas preventivas rigorosas” para evitar uma maior propagação da doença no arquipélago.

Esta constatação resulta de um inquérito seroepidemiológico da Infeção por SarsCov-2, no arquipélago, realizado desde finais de junho, pelo Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP).

Durante apresentação dos resultados do inquérito realizado junto de 5.348 pessoas, dos 10 aos 80 anos, em todos os 22 concelhos do país, o ministro cabo-verdiano da Saúde, Arlindo do Rosário, afirmou que esse estudo dá uma noção clara sobre a epidemia e indica que a covid-19 pode demorar muito tempo, em Cabo Verde.

Segundo ele, o número de pessoas susceptíveis de apanhar o vírus é grande, "até porque a epidemia é recente, portanto, o número (de pessoas) que podem vir a ser infetadas é enorme”.

“Significa que não temos ainda a imunidade de rebanho, o que permitiria prever o declínio da epidemia”, declarou Arlindo do Rosário, sublinhando que isto significa que “esta pandemia é uma pandemia que pode durar ainda por muito tempo”, em Cabo Verde.

Conforme a presidente do INSP, Maria da Luz Lima, do total de inquiridos, 21 pessoas (0,4%) testaram positivo no teste rápido para a deteção de anticorpos, um número que ela considera “baixíssimo”.

Dos casos positivos, 86 por cento são do sexo feminino, correspondendo a uma incidência cumulativa de 0,6 por cento na população feminina, enquanto entre os homens esse indicador é de 0,1 por cento.

O estudo mostrou que a maior incidência cumulativa de casos positivos foi na ilha do Sal (67%), seguida do Maio (14%) e do concelho da Praia (9,8%).

Para a responsável do INPS, a ilação que se pode tirar do estudo é que ainda existe uma grande suscetibilidade da população cabo-verdiana ao vírus, com uma taxa baixíssima, tal como os estudos semelhantes realizados em outros países.

Por isso, considerou ser fundamental a aplicação de medidas preventivas.

“Estando nesta fase da epidemia, com essa seroprevalência baixinha, isso implica que ainda há muita população que pode vir a ser infetada, portanto, se não forem implementadas medidas preventivas rigorosas, podemos ter depois mais casos e isso não é bom para o país”, afirmou a responsável.

O país já ultrapassou a barreira dos dois mil casos, mas Maria da Luz Lima disse que não se sabe como será o futuro, já que existe essa vulnerabilidade e suscetibilidade do país, sobretudo nas pessoas idosas.

“Encontrámos muitos jovens infetados, mas menos nas pessoas idosas”, o que quer dizer que  se devem tomar medidas para protegê-los.

Maria da Luz Lima afirmou que, apesar de o estudo ainda poder vir a ser aprofundado, ele dá indicações sobre o que deve ser reforçado, sobretudo na aplicação de medidas preventivas, para as pessoas aprenderem a conviver com o vírus.

Além de determinar a exposição ao novo coronavírus por parte da população cabo-verdiana, o estudo deu ainda informações sobre as caraterísticas sociais, económicas, demográficas, epidemiológicas e clínicas das pessoas que tiveram contacto com o vírus no país.

-0- PANA CS/IZ 30julho2020