Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde associa militares ao combate à praga de gafanhotos

Praia, Cabo Verde (PANA) - O Governo de Cabo Verde reforçou a campanha de combate à praga de gafanhotos com o apoio de militares,  declarou quinta-feira o ministério da Agricultura e Ambiente.

Numa nota de imprensa, o governo justifica o apoio militar a esta campanha pelo facto de que a praga de gafanhotos, que afeta quatro ilhas do arquipélago cabo-verdiano, é “um caso de emergência".

Durante um período de seca, é frequente e natural a explosão da população de uma determinada praga, devido essencialmente ao desequilíbrio do ecossistema frágil do meio rural do país, lê-se no documento.

“A sua manutenção harmoniosa dependerá de medidas de resiliência que o ministério da Agricultura e Ambiente pretende implementar para reduzir o risco de dependência de chuvas. Pois, as plantas, quando estão frágeis, por falta de água ou de alimento no solo, ficam mais vulneráveis aos ataques de pragas e doenças”, indica o Governo.

Afirmou que as chuvas, que anualmente têm um papel de lavagem das plantas e da consequente redução de pragas, não caem, no mínimo necessário, há dois anos consecutivos.

“Dado este cenário, a praga de gafanhotos este ano é considerado como um caso de emergência. Por isso, o ministério da Agricultura e Ambiente reforça a campanha de combate às pragas, com um grupo de 43 militares que já está no terreno para apoiar a Direção-Geral da Agricultura no combate ao flagelo na ilha de Santiago.

Segundo o coordenador do grupo, o capitão Carlos Dias, os militares vão ser repartidos pelos concelhos de São Domingos e Santa Cruz.

Contudo, adiantou que, dependendo da avaliação da situação no terreno, as equipas vão ser redistribuídas. 

“Nos estamos preparados para atuarmos o tempo que for necessário. Isto, claro, vai depender da avaliação do Ministério da Agricultura. Estamos a falar de uma situação que envolve várias instituições e, numa situação de emergência, estamos prontos para darmos o nosso contributo”, disse o capitão Carlos Dias, em declarações a Rádio de Cabo Verde (RCV).

Desde a semana passada, o grupo multissetorial de seguimento do ano agrícola detetou focos de gafanhotos em vários concelhos do país.

Em São Domingos, grandes enxames invadiram casas e campos agrícolas, e há campos de cultivo onde a cultura do milho já está praticamente dizimada, lamentou.

Segundo o diretor-geral da Agricultura, José Teixeira, as zonas mais afetadas estão nos municípios da Praia, Ribeira Grande Santiago, São Domingos, Santa Cruz e Tarrafal.

A praga devasta também as ilhas do Fogo, São Vicente e São Nicolau, prosseguiu José Teixeira, garantindo que o combate à praga na ilha de Santiago tem surtido efeito, e que, até ao momento, técnicos estão a combater o mal em 600 a 700 hectares de terreno.

Explicou ainda que o produto biológico usado ao redor das casas, por serem menos tóxicos, têm um efeito lento, enquanto os produtos químicos têm tido um efeito imediato

Este responsável revelou que, para este combate, foi feito um investimento de 15 mil a 20 mil contos, ou seja cerca de 136,3 mil euros a 181,8 mil euros.

Apesar de ser a ilha Santiago, mais especificamente São Domingos e Santa Cruz, as mais afetadas, está a ser feita uma prospeção noutros concelhos e ilhas, informou.

A mesma fonte garantiu que todas as delegações do Ministério da Agricultura e Ambiente estão preparadas para atacar, caso surja qualquer eventualidade.

Os técnicos do MAA têm entre 10 a 15 dias para atacar os gafanhotos antes deles atingirem a fase adulta, senão criam asas e propagam-se para zonas que ainda não foram danificadas.

-0- PANA CS/DD 20set2019