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Cabo Verde apreende 30 mil litros de solução para falsificar bebida alcoólica

Praia, Cabo Verde (PANA) - As autoridades de fiscalização cabo-verdianas apreenderam e destruíram, na ilha de Santiago, 30 mil litros de solução para a falsificação da aguardente-de-cana- sacarina, bebida alcoólica conhecida por grogue, apurou a PANA, segunda-feira de fonte policial.

Segundo um comunicado da Inspeção Geral das Atividades Económicas (IGAE), o produto apreendido para o fabrico de uma das bebidas alcoólicas mais consumidas em Cabo Verde põe em risco a saúde pública e pode provocar a morte dos consumidores.

A entidade responsável pela fiscalização do fabrico da aguardente de-cana-sacarina revelou que dos 30 mil litros de solução, mais de 21 mil litros foram encontrados no município de Santa Cruz, no interior da ilha de Santiago, e onde se regista uma "resistência" ao cumprimento da lei do grogue que entrou em vigor, desde de agosto de 2015 .

A solução encontrada é composta de recalda e açúcar refinado e água, que não fermenta naturalmente. Por esta razão, explica a IGAE, “são introduzidos produtos com carga biológica para provocar a fermentação”.

“Esta prática tem afetado gravemente a saúde pública, levando muitas vezes à morte dos jovens e deixando outros completamente doentes e dependentes”, lê-se no comunicado.

Atualmente decorre a época de produção do grogue em Cabo Verde (01 de janeiro a 31 de maio), altura em que a IGAE e os seus parceiros (Polícia Nacional e Fiscalização Municipal) têm intensificado a fiscalização, o que continuará a acontecer “até à selagem dos alambiques”.

Para estancar estas produções ilegais, a IGAE anunciou que vai iniciar o fecho da produção,  a 01 de junho próximo, e solicitar à Direção Nacional da Indústria a não prorrogação do período de produção para aqueles que não comprovarem a existência de cana-de-açúcar ou aos prevaricadores.

Em entrevista concedida ao jornal “Expresso da ilhas”, o inspector-geral da IGAE, Elisângelo Monteiro, disse que a existência de alambiques ilegais, utilização de lixívia, produção de aguardente com açúcares e a falta de condições sanitárias de produção podem colocar em causa a saúde pública e o estabelecimento do grogue como um produto exportável e de divulgação do nome do país.

Segundo ele, mais de metade da produção não pode usar a designação grogue e que grande parte da bebida que se vende com este nome não o é realmente.

No passado dia 16, a IGAE anunciou a descoberta, num sótão de uma casa antiga, no município de Ribeira Grande de Santiago, de “30 mil litros de preparo de recalda e açúcar em estado precário de fermentação para falsificação do grogue, pondo em causa a saúde pública e a valorização do grogue”.

“Para desviar as autoridades de fiscalização, o esquema de fermentação para desviar as autoridades de fiscalização contava com uma canalização que conduzia a matéria fermentada para o alambique para, de seguida, ser destilada”, explicou a IGAE.

Na altura, este organismo referiu que, desde o início do período de produção do grogue, tinham sido encontrados e destruídos, só em Ribeira Grande de Santiago, quase 60 mil litros de solução para falsificação do grogue.

Dados da IGAE indicam que Cabo Verde produziu, no ano passado, 10 milhões de litros de aguardente que foi comercializada com o nome grogue.

No entanto, a quantidade de grogue verdadeiro “corresponderá a uma percentagem menor. Podemos estimar que três a quatro milhões de litros sejam grogue”, ou seja, os restantes seis a sete milhões de litros são uma bebida destilada que não poderá ser chamada de grogue.

-0- PANA CS/IZ 30abril2019