Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde analisa sua candidatura à Comissão da ONU para Direitos Humanos

Praia, Cabo Verde (PANA) - O Governo está a considerar uma candidatura de Cabo Verde à Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos, desafio lançado hoje (domingo) pelos Estados Unidos, anunciou domingo o ministro cabo-verdianos dos Negócios Estrangeiros, Rui Figueiredo Soares.

Rui Figueiredo Soares revelou este desafio lançado pelos Estados Unidos, no decorrer de uma conferência de imprensa realizada em conjunto com a embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, que concluía uma visita oficial a Cabo Verde, depois de ter passado pelo Uganda e Gana.

O chefe da diplomacia cabo-verdiana explicou que o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, recebeu esta sugestão da parte da diplomata norte-americana durante um encontro com a mesma.

"O fundamental nesta questão é saber que Cabo Verde é um país exemplar, nas palavras da senhora embaixadora, em termos de democracia e respeito pelos direitos do homem”, disse o governante cabo-vernante.

Sublinhou nessa ocasião que o Governo considera “com muita atenção, uma possível candidatura de Cabo Verde à Comissão dos Direitos Humanos, visto que nós somos defensores intransigentes dos Direitos Humanos na arena internacional."

Linda Thomas-Greenfield terminou domingo uma visita de quatro dias a África, com uma agenda contendo as consequências da guerra na Ucrânia e a crise de insegurança alimentar.

Rui Figueiredo Soares considerou a sua visita como "muito oportuna" que permitiu ao primeiro-ministro cabo-verdiano apresentar "contributos" para o apoio que os Estados Unidos pretendem dar ao continente neste período, bem como sobre as necessidades do próprio arquipélago de tentar recuperar dos impactos económicos da pandemia da covid-19.

Enfrentou há vários anos uma seca severa e sofreu uma forte crise inflacionista agravada pela necessidade de  ter de importar praticamente tudo o que consome.

"Esta visita é uma prova dos laços sociais, das relações estreitas existentes entre os Estados Unidos e Cabo Verde. Relações que ultrapassam os Governos, que ultrapassam as conjunturas e que estão também marcadas pela extensa comunidade que nós temos nos Estados Unidos. São relações de parceria, de amizade multissecular e que nós queremos agora realçar. E esta visita da senhora embaixadora é uma prova da excecionalidade das nossas relações", regozijou-se Rui Figueiredo Soares.

Por sua parte, a diplomata norte-americana deu ao Governo cabo-verdiano garantias de mobilização de apoio internacional ao arquipélago.

Nessa ocasião, Linda Thomas-Greenfield apontou que Cabo Verde é um dos países que sofre, à distância, das consequências da guerra na Ucrânia, prometendo uma mobilização de apoios.

“Ninguém e nenhum país está imune ao impacto devastador da guerra da Rússia na Ucrânia, incluindo países insulares como este”, afirmou.

“Hoje, com o primeiro-ministro, discutimos detalhadamente a crise de segurança alimentar. Porque aqui em Cabo Verde 10% da população já está a enfrentar problemas de segurança alimentar”, acrescentou.

De acordo com a diplomata norte-americana, que se encontrou nos últimos quatro dias também com agricultores locais, ativistas e membros da sociedade civil, além de visitar mercados do Uganda e do Gana, os Estados Unidos estão a tentar liderar a resposta à crise alimentar, apoiando a Organização das Nações Unidas (ONU), através de um “roteiro para a segurança alimentar global.”.

“Também acreditamos que esta crise apresenta uma oportunidade para África se tornar mais independente e construir os seus próprios suprimentos de alimentos, para que não sofra quando acontecem coisas a milhares de quilómetros de distância”, frisou a embaixadora.

Sublinhou que a sua viagem findo domingo permitiu-lhe discutir oportunidades para “melhorar a segurança regional e a prosperidade mútua.”

Sobre a crise em Cabo Verde, a recuperar dos impactos económicos da pandemia da covid-19, enfrentar, há vários anos, uma seca severa e a sofrer duma forte crise inflacionista agravada pela necessidade de ter de importar praticamente tudo o que consome, a diplomata garantiu que o seu país está a “trabalhar muito de perto” com o Governo cabo-verdiano.

“Como sempre, os Estados Unidos sentem-se verdadeiramente honrados nesta parceria com Cabo Verde, um país que serve de modelo regional de respeito pelos processos democráticos, justiça e direitos humanos. Cabo Verde é realmente um exemplo e modelo para todo este continente, e não apenas para esta região”, enfatizou Thomas-Greenfield.

Recordou que os Estados Unidos já providenciaram, nos últimos dois anos, vários apoios a Cabo Verde, como ao nível do fornecimento de vacinas contra a covid-19 ou  financiamento de 2.000.000 dólares americanos para a recuperação do setor privado, afetado pela pandemia, além do recente apoio de emergência através da Federação Internacional da Cruz Vermelha para mitigar o impacto da segurança alimentar.

-0- PANA CS/DD 08agosto2022