Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde acolhe de reunião de comité regional de pilotagem do Programa Hidrológico em África

Praia, Cabo Verde (PANA) – A 7.ª Reunião do Comité Regional de Pilotagem do Programa Hidrológico Internacional para África A capital cabo-verdiana decorre na cidade da Praia, desde quarta-feira última, apurou a PANA, segunda-feira, de fonte segura.

O Programa Hidrológico Internacional (PHI) é o programa intergovernamental de cooperação científica da Organização das NAções Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) no campo da investigação sobre a água, gestão, educação e capacitação em recursos hídricos, de acordo com a fonte.

Neste encontro, que resulta de uma parceria entre o Governo de Cabo Verde e a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), além de fazerem um balanço das atividades do PHI em África, os participantes vão ainda refletir e discutir sobre os principais desafios deste setor no continente africano, tendo como pano de fundo os efeitos das alterações climáticas.

Ao proceder à abertura da reunião, a coordenadora do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde, Ana Graça, defendeu a necessidade de coordenar todos os esforços da comunidade científica para uma boa gestão dos recursos hídricos no continente africano.

Ana Graça salientou que o trabalho deve ser feito “lado a lado” com os órgãos de decisão, nomeadamente a administração central.

“A troca de experiências e a cooperação proporcionada pelo Programa Hidrológico Internacional (PHI) e por fóruns como este é por isso de extrema relevância”, frisou.

Lembrou que, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 844 milhões de pessoas ainda não têm acesso à água potável e que cerca de 70 por cento do habitat aquático natural desapareceram no último século.

Ana Graça sublinhou ainda que a escassez de água é uma fonte de conflitos e tensões entre comunidades e populações na região do Sahel, preconizando medidas de prevenção de conflitos e a paz mundial.

Por sua vez, o ministro da Agricultura e Ambiente de Cabo Verde, Gilberto Silva, afirmou que a gestão da água é um desafio mundial "mas com contornos muitos específicos” em África, continente que alberga 19 por cento da população mundial e que dispõe de nove por cento do total da água potável do planeta.

Por isso, considerou que um dos desafios para a gestão dos recursos hídricos no continente passa pela qualificação e motivação dos profissionais do setor.

Mas também aconselhou o desenvolvimento de instituições e de sistemas eficazes, dotados de uma boa capacidade de pesquisa, de recolha, de avaliação e de disseminação de dados e de informações.

“São desafios que se prendem com o desenvolvimento de estratégias eficazes e fiáveis para se lidar com a variabilidade de mudanças climáticas, ameaças de escassez de água e mesmo com o desaparecimento de cursos de água”, prosseguiu o governante.

Cabo Verde, país insular, encontra-se no Sahel e enfrenta desafios da escassez de água, duma irregular precipitação e da ausência de fontes permanentes de água doce na superfície terrestre.

Referindo-se ainda ao combate à exploração excessiva de recursos hídricos e à degradação de bacias hidrográficas e ecossistemas, o ministro cabo-verdiano disse ainda que outro desafio tem a ver com a mobilização de financiamentos para investimentos necessários no setor.

Para o governante, é precisa igualmente a “mobilização da vontade política e do compromisso de todos” para questões relacionadas com a água.

Por sua vez, o diretor do Escritório Multissetorial da UNESCO para África e Sahel, Dimitri Sanga, sublinhou também a importância do envolvimento da comunidade científica para a segurança hídrica.

Frisou que a educação tem um “papel fundamental” nesta questão.

“Os sistemas de educação devem produzir e preparar especialistas que possam contribuir para enfrentar questões de gestão da água”, considerou o responsável da UNESCO, lembrando que África alberga metade da população mundial que bebe água insegura.

Dimitri Sanga afirmou que a sua instituição está a focar as suas ações no continente.

A seu ver, a prova disso é que o 9.º Fórum Mundial da Água realizar-se-á no Senegal (Dakar), em 2021, sob o lema “A Segurança Hídrica para Paz e Desenvolvimento.”

-0- PANA CS/DD 02out2019