Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde acolhe ateliê regional em ciências oceânicas

Praia, Cabo Verde (PANA) – A cidade do Mindelo, na ilha cabo-verdiana de São Vicente, acolhe desde de terça-feira um ateliê em ciências oceânicas dirigido a jovens investigadores, estudantes pós-graduados e pós-doutorados de Cabo Verde, Gâmbia, Guiné-Bissau, Mauritânia, Marrocos e Senegal, constatou a PANA no local.

O ateliê, que decorre no Centro Oceanográfico do Mindelo, visa melhorar o conhecimento existente sobre os efeitos das alterações climáticas no Grande Ecossistema Marinho (GEM) das Correntes das Canárias e continuar a construir a capacidade científica regional necessária para gerar esse conhecimento.

De acordo com a organização do evento, o principal resultado esperado é que as capacidades oceanográficas, com foco no sistema de afloramento das correntes das Canárias, sejam melhoradas e os resultados dos projetos partilhados com uma nova geração de cientistas oceânicos regionais.

Marrocos, Mauritânia, Senegal, Guiné-Bissau, ilhas Canárias (Espanha), Gâmbia e Cabo Verde são os países que fazem fronteira com o GEM da Corrente das Canárias.

O total da população desses países é de aproximadamente 58 milhões de habitantes, dos quais se estima que 70 porcento dependente diretamente do GEM para os seus meios de subsistência.

O ateliê de três dias é conjuntamente organizado pelo Instituto do Mar (IMar), pela UNESCO e pelo Instituto Espanhol de Oceanografia (IEO).

No ato de abertura, o ministro cabo-verdiano da Economia Marítima, Paulo Veiga, realçou que se trata de uma formação que se vai centrar num treinamento focado na ciência e que vai proporcionar espaço para discussões e interações entre palestrantes e participantes.

Na ocasião, o governante cabo-verdiano revelou ainda “especial preocupação” com a “contínua devastação” sofrida pelos pequenos Estados insulares em desenvolvimento, como Cabo Verde, por causa dos “nefastos impactos” das mudanças climáticas.

Sustentou que “muitos teimam em ignorar” tais impactos, mas que resultam em consequências económicas, sociais e ambientais “negativas graves”, como ameaças à segurança alimentar.

Por isso, segundo ele, Cabo Verde conta com os parceiros de cooperação para “manter e acelerar” o “rumo positivo” em direção ao desenvolvimento, capaz de permitir a adaptação do país às mudanças climáticas e seguir o caminho da sustentabilidade.

Neste sentido, Paulo Veiga considera que o ateliê do Mindelo se reveste de “especial importância”, já que pretende melhorar as capacidades oceanográficas dos países da Africa Ocidental

A iniciativa visa ainda tornar a informação científica mais acessível aos cientistas, decisores políticos, indústria e sociedade civil, mas também "demonstrar os desafios da investigação científica sobre as alterações climáticas no GEM das Correntes das Canárias".

O ministro reiterou, por isso, a aposta do Governo cabo-verdiano no domínio da Economia do Oceano, que envolve diversos setores.

Trata-se, segundo o governante, de uma estratégia de médio/longo prazo, ancorada no conhecimento, no desenvolvimento tecnológico e na qualificação dos recursos humanos, visão que incorpora o Campus do Mar, com todas as suas valências.

Intervieram ainda na sessão de abertura do ateliê a presidente do Instituto do Mar (IMAR), Osvaldina Silva; o enviado especial para os Oceanos das Nações Unidas, Peter Thompson; e o secretário executivo do IOC-UNESCO, Vladimir Ryabinin.

Estes dois últimos intervieram através de vídeo com foco na sustentabilidade dos oceanos e na importância da cooperação internacional e troca de experiências.

-0- PANA CS/IZ 11março2020