Agência Panafricana de Notícias

CEDEAO busca aval do Conselho de Segurança da ONU para utilizar força contra Gbagbo

Lagos, Nigéria (PANA) - A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) precisará duma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas para utilizar a força contra o Presidente ivoiriense cessante, Laurent Gbagbo, antes de o bloco sub-regional ativar este opção, revelou o ministro nigeriano dos Negócios Estrangeiros, Odein Ajumogobia, num editorial divulgado segunda-feira pelo diário nigeriano "NEXT".

"Enquanto o impasse persiste cada dia que passa e a ameaça direta duma paz e duma segurança regional se tornam mais iminente, a CEDEAO precisa do apoio inequívoco da comunidade internacional através duma resolução apropriada do Conselho de Segurança das Nações Unidas que aprova o uso da força", escreveu Odein Ajumogobia, presidente do Conselho dos Ministros da CEDEAO.

"Esta é a única forma de legitimar o uso duma força externa para conter eficazmente uma situação interna cada vez mais explosiva e garantir uma paz duradoura na Côte d'Ivoire e na sub-região oeste-africana », afirmou o chefe da diplomacia nigeriana.

Segundo ele, uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que autoriza o uso da força militar como última opção « deverá completar o compromisso da CEDEAO a favor do diálogo e da diplomacia e deverá também confortar a necessidade de tomar medidas agora para proteger a população civil e pôr termo ao número crescente de mortos e de vítimas civis ».

O bloco sub-regional composto por 15 membros ameaçou a 24 de dezembro último utilizar "a força legítima" para depor Gbagbo para que o opositor Alassane Ouattara, largamente considerado como o vencedor da segunda volta das eleições presidenciais de 28 novembro na Côte d'Ivoire, possa assumir a sua função.

Porém, Ajumogobia explicou que o uso da força legítima não significa necessariamente o envio duma força de invasão para este país da África Ocidental.

« A decisão da Comissão da CEDEAO de considerar a utilização da força legítima suscitou talvez contestações. Vários observadores afirmaram que a CEDEAO ultrapassou a sua misão e deveria limitar-se a sanções. O uso da força legítima não significa exclusivamente um conflito militar no sentido convencional e, por conseguinte, não evoca necessariamente uma invasão por tropas. A força legítima pode incluir, por exemplo, um bloqueio naval para permitir sanções que poderão ser impostas contra Gbagbo », explicou.

« Devemos fazer compreender a Gbagbo que existe uma perspetiva muito real de ver meios militares maciços dirigidos contra ele e os seus acólitos. É apenas neste momento que ele prestará uma atenção séria aos nossos pedidos para que ele se retire do poder imediatamente », explicou o ministro nigeriano dos Negócios Estrangeiros, acrescentando que « o desdobramento duma força armada para este fim só pode ser legítimo em virtude duma resolução do Conselho de Segurança da ONU ».

« Papéis prestigiosos que Laurent Gbagbo poderia desempenhar na cena internacional se ele aceitar retirar-se pacificamente do poder, bem como amnistia, foram oferecidos ao Presidente cessante. Além disso, a sua segurança pessoal e a dos seus apoiantes são garantidas tanto no interior como fora do país. Os seus bens financeiros serão protegidos caso ele aceite impedir a Côte d'Ivoire mergulhar numa outra guerra civil. Laurent Gbagbo rejeitou até agora com desdém todas estas propostas generosas para um exílio digno », deplorou o ministro nigeriano dos Negócios Estrangeiros.

Segundo ele, se uma ação urgente não for tomada, a situação na Côte d'Ivoire « culminará inevitavelmente na anarquia e no caos, ou pior, numa guerra civil sangrenta com problemas humanitários graves, violência e impunidade que estão associadas a este tipo de situação e vítimas civis sem precedentes ».

-0- PANA SEG/NFB/TBM/IBA/FK/TON 24jan2011