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Banca cabo-verdiana tem liquidez disponível para investimentos, diz responsável

Praia, Cabo Verde (PANA) – A banca cabo-verdiana tem liquidez disponível para os investimentos, mas os recursos não têm a procura necessária para se esgotarem", apurou a PANA, na capital cabo-verdiana de fonte segura.

A informação foi prestada quinta-feira por António Castro Guerra, Presidente do Conselho de Administração (PCA) do Banco Comercial do Atlântico (BCA), a maior instituição bancária de Cabo Verde.

António Castro Guerra foi o porta-voz dum encontro que o primeiro-ministro, José Maria Neves, manteve com representantes de todos os bancos comerciais operacionais em Cabo Verde, com a finalidade de refletirem sobre as respostas mais adequadas ao acesso ao crédito, à promoção de investimentos privados e ao desenvolvimento empresarial.

“Os bancos têm liquidez e têm recursos disponíveis, mas esses recursos não têm procura necessária para serem esgotados, por isso estamos abertos e desejamos que apareçam bons projetos para podermos financiar”, afirmou o PCA do BCA.

A seu ver, é preciso alargar a base de bancarização da economia cabo-verdiana para se resolver alguns problemas bancários que várias empresas enfrentam.

No final deste encontro, o primeiro-ministro cabo-verdiano manifestou a intenção do Governo e da banca de estudar o aumento do capital do fundo de garantia mútua para que as empresas possam aceder ao crédito em condições favoráveis, combatendo, paralelamente, o elevado nível de incumprimento contratual por parte das mesmas e que atingem os 18 porcento.

"As empresas que não têm cumprido contratos estão altamente endividadas e, por não terem capital próprio, têm muito mais dificuldades de acesso ao crédito. Mas constatamos que há um forte compromisso de todos, do Governo e dos bancos, no sentido de criarmos condições para que as empresas possam ter um ambiente de negócios mais favorecedor e possam ter melhores condições de acesso ao crédito”, disse o chefe do Governo cabo-verdiano.

Segundo José Maria Neves, a ideia é aumentar o capital da CV Garante, quê atualmente é de 100 mil contos (906 mil euros), o que, disse, implicará também o aumento do Fundo de Contra-garantia

Conforme José Maria Neves, "as empresas com maior dificuldade de acesso ao crédito são as que estão altamente endividadas, com problemas de gestão e com uma reduzida capacidade de assumir riscos com capital próprio”.

Segundo ele, “muitas empresas cabo-verdianas, e isso tem a ver com atitudes e comportamentos, precisam de passar por um autêntico choque de gestão e, muitas delas, têm de abrir-se em busca de novas parcerias para mobilizar parcerias e recursos suficientes para o desenvolvimento da atividade empresarial".

José Maria Neves alertou, porém, que a CV Garantia, por si só, "não resolve todos os problemas" das empresas altamente endividadas, uma vez que ela se prepõe ajudar sobretudo as pequenas e micros empresas a acederem ao crédito em condições mais favoráveis.

Sublinhou também a necessidade de se dinamizar o mercado secundário de títulos e a articulação entre a política fiscal e de regulação, bem como a supervisão bancária, por um lado, e, por outro, melhorar o modelo dos registos e notariado e toda a problemática das execuções fiscais.

Em relação à gestão empresarial, José Maria Neves criticou, sobretudo, os apelos sucessivos ao apoio do Estado por parte dos agentes económicos do setor que geralmente o culpam dos insucessos da má gestão.

"Precisamos de desestatizar as nossas cabeças e privatizar as empresas privadas, para que todos assumam as suas responsabilidades. Muitas das dificuldades têm a ver com a má gestão", frisou o primeiro-ministro cabo-verdiano.

Ele disse que está na fase de conclusão o diploma sobre a Falência e Recuperação de Empresas "que irá repor alguma ordem" nesta área.

-0- PANA CS/DD 19jul2014