Agência Panafricana de Notícias

Apenas 46% da ajuda prometida chega a países beneficiários, diz BOAD

Paris- França (PANA) -- Apenas 46 por cento da Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) anunciada pelos Estados do Norte chegam efectivamente aos Estados beneficiários, afirmou quarta-feira, em Paris, o presidente do Banco Oeste-Africano de Desenvolvimento (BOAD), Abdoulaye Bio-Tchané.
"Dos mais de 120 biliões de dólares da APD, África recebeu, em 2008, cerca de 26 biliões de dólares americanos.
Os Estados ricos comprometeram-se, em 2005, em Gleneagles, a conceder anualmente a África 50 milhões de dólares suplementares", disse o responsável da instituição financeira, durante um dia de discussões sobre os novos paradigmas da cooperação ao desenvolvimento.
Ao apresentar a sua apreciação da aplicação da Declaração de Paris sobre a APD, Bio-Tchané, ex-ministro das Finanças do Benin, deplorou a ausência de coordenação entre os diferentes doadores de fundos.
"Das nove mil missões realizadas nos países beneficiários em 2008 pelos doadores de fundos, apenas mil foram coordenadas, o que representa cerca de 20 por cento.
Assim, não se está longe dos princípios enunciados na Declaração de Paris", deplorou ainda Bio-Tchané, que foi igualmente director do Fundo Monetário Internacional (FMI) para África.
Ele deplorou também o longo tempo consagrado pelos funcionários dos Estados beneficiários às missões de acompanhamento-avaliação realizadas pelos doadores de fundos.
"O pessoal dum serviço tão estratégico como a saúde consagra uma parte considerável dos dias de trabalho a receber missões ou a redigir relatórios.
Esta situação não contribui para a eficácia da APD", disse ainda o presidente do BOAD.
Várias Organizações não Governamentais do Norte e do Sul denunciam as promessas de aumento da ajuda não assumidas pelos doadores de fundos, acusando-os de mobilizar mais facilmente dinheiro para financiar os bancos do Norte em dificuldade.
As ONG acusam vários países do G-8 (grupo das oito nações mais industrializadas do mundo), dos quais os Estados Unidos, França e a Alemanha, de estarem ainda longe dos 0,7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) consagrado à ajuda.