Agência Panafricana de Notícias

Angola suspende atividades da Igreja Universal do Reino de Deus

Luanda, Angola (PANA) - O Governo angolano suspendeu as atividades da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) por um período de 60 dias para aprofundar as investigações em curso sobre a tragédia de 31 de dezembro passado em que morreram 13 fiéis e ficaram feridas várias outras pessoas durante uma vigília organizada pela IURD no Estádio da Cidadela, em Luanda.

Segundo um comunicado oficial distribuído no fim de semana, o incidente deveu-se à superlotação no interior e exterior do Estádio, causada por uma "publicidade enganosa" que criou entre fiéis e populares em geral "uma enorme expetativa de verem resolvidos os seus problemas”, atraindo por isso milhares de pessoas, entre velhos, crianças e doentes.

A publicidade em causa resumiu-se no slogan “O Dia do Fim" seguido de apelos que apresentavam o evento como uma oportunidade ímpar para as pessoas darem "um fim" a todos os seus problemas da vida, incluindo doenças, a miséria, o desemprego, a feitiçaria, a inveja, problemas na família, a separação e as dívidas, entre outros.

Tratou-se de uma publicidade "criminosa e enganosa", afirma o Governo angolano no seu comunicado, justificando que ela (publicidade) "continha informações falsas, susceptíveis de alarmar o espírito do público e induzi-lo em erro".

Apesar de ter recebido indicações autorizadas de que o Estádio só podia suportar 30 mil pessoas, prossegue o documento, a IURD perspetivou acolher no referido evento um total de 152 mil 600 fiéis, uma previsão que a Igreja não comunicou às autoridades.

"As 100 pessoas voluntárias mobilizadas pela IURD não tinham preparação para realizar de forma efetiva a assistência médica", acrescenta a nota sublinhando que, mesmo na sequência das mortes e desmaios de pessoas, "a igreja não interrompeu a atividade".

A tragédia teria sido originada pela forte pressão exercida sobre um dos portões do Estádio desportivo que provocou "a queda dos fiéis em cadeia, agravada pelo declive do túnel de acesso, pela falta de iluminação e pelo pavimento escorregadio em virtude do derramamento da designada 'água consagrada' que estava a ser distribuída aos crentes".

De acordo ainda com o comunicado, os desmaios em cadeia durante o culto ficaram a dever-se ao "agravamento do quadro clínico de pessoas já doentes" que foram em busca de uma suposta cura “milagrosa”, incluindo a asfixia e a fome agravada pelo jejum, dado que muitas das vítimas recuperaram tão logo lhes foi dada uma leve refeição no local ou no hospital.

"Perante a gravidade dos factos de que resultaram lamentavelmente a perda de vidas humanas, o Executivo decidiu remeter o caso à Procuradoria Geral da República para o aprofundamento das investigações e a consequente responsabilização civil e criminal", sentencia o documento.

-0- PANA IZ 05fev2013