Agência Panafricana de Notícias

Angola reitera proposta de lugar permanente para África no Conselho de Segurança

Nova Iorque, Estados Unidos (PANA) - Angola reafirmou segunda-feira a necessidade de reforma e revitalização do sistema das Nações Unidas para, entre outros objetivos, dotar África de um assento permanente no Conselho de Segurança desta organização mundial.

Esta posição foi defendida pelo Vice-Presidente angolano, Manuel Domingos Vicente, quando discursava, em Nova Iorque, na 69ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, que decorre de 24 de setembro a 3 de outubro próximo.

De acordo com Manuel Vicente, tal reforma deve ser “mais consentânea com o atual contexto internacional, refletindo uma representação geográfica equitativa, pelo alargamento dos seus membros permanentes”.

Atualmente, existem várias propostas de alguns países ou grupos de países para modificar a estrutura da Organização das Nações Unidas (ONU) e os seus métodos de trabalho, mas a falta de consenso entre os Estados-membros tem entravado o andamento do projeto.

Segundo analistas que acompanham o processo, a China estaria à frente das nações opostas a mudanças significativas no Conselho de Segurança, devido alegadamente à probabilidade de entrada de novos membros permanentes entre os países com os quais ela têm rivalidades ou conflitos abertos, o que poderia perturbar o seu estatuto regional.

Entre tais países receados pela China figuraria o Japão, tido como um dos mais fortes aspirantes a assento permanente e cuja candidatura estaria já a contar com o apoio dos Estados Unidos, de França, do Reino Unido e da Rússia.

O Japão aparece como o segundo país no mundo que mais gasta com a defesa, para além de ser, depois dos Estados Unidos, o segundo maior contribuinte financeiro da ONU, seguido da Alemanha e à frente mesmo dos permanentes Reino Unido e França.

A Alemanha estaria também no mesmo grupo de pretendentes ao lado de gigantes emergentes como o Brasil e a Índia, proposta já denunciada pela China como “perigosa” e suscetível de “descarrilar todo o processo de reformas”.

Este grupo, que passou a ser designado por “G-4”, defende ainda a inclusão de dois países africanos, igualmente como membros permanentes, e quatro outros de regiões diferentes como não permanentes, elevando assim a composição do CS dos atuais 15 para 25 membros.

França é por sua vez descrita como o primeiro dos atuais detentores do direito de veto a pronunciar-se “claramente favorável” à reforma, seguida dos Estados Unidos que, apesar duma hipotética pressão chinesa, passaram a aceitar “a ideia de membros permanentes do mundo em desenvolvimento”, embora insistindo numa expansão máxima do CS de até 21 membros.

Em contrapartida, a preferência chinesa estaria mais inclinada para o projeto alternativo liderado por Itália, México, Argentina e Paquistão, que preconiza uma ampliação do Conselho de Segurança sem a criação de postos permanentes com poder de veto.

Cada região geográfica do globo aparece assim com dois ou mais candidatos a rivalizarem-se, casos de Itália contra Alemanha (Europa), Argentina e México contra Brasil (América Latina) e Paquistão contra Índia (Ásia).

Os Germânicos seriam ainda contestados por Espanha, enquanto a Coreia do Sul estaria propensa a alinhar na oposição chinesa contra a candidatura japonesa.

Para o continente africano, os primeiros projetados na disputa de vagas permanentes seriam a África do Sul, o Egito e a Nigéria, havendo igualmente sinais de potenciais candidaturas de Angola, Argélia, Quénia e Senegal.

-0- PANA IZ 30set2014