Agência Panafricana de Notícias

Angola deteta rede de contrabando de combustível para RDC

Luanda, Angola (PANA) - Quinze cidadãos da República Democrática do Congo (RDC) acusados de envolvimento numa rede de contrabando de combustível foram detidos no fim de semana, em Angola, com 30 mil litros de combustível que transportavam para a RDC, a partir da cidade petrolífera angolana do Soyo, capital provincial do Zaire, no norte do país.

Segundo as autoridades policiais locais, os detidos estavam em situação migratória ilegal e faziam parte da tripulação das cinco embarcações de fabrico artesanal, que, navegando sem matrícula, transportavam o combustível em 102 recipientes de 250, 150 e 25 litros.

A apreensão aconteceu nas ilhas do Luamba, Zola, Santo António, Nfuma-Nfuma, todas ao longo do rio Zaire e no posto fluvial do Quimbumba, arredores da cidade do Soyo.

Rocha Muchinda, um dos presumíveis imigrantes ilegais, disse à imprensa que veio a Angola em resposta a uma chamada de um comerciante angolano, que lhe vendeu a gasolina.

De acordo com responsáveis da Marinha de Guerra Angolana (MGA) no Soyo, o contrabando de combustível tem sido frequente na região, envolvendo estrangeiros que, em muitos casos, "escapam ao controlo das autoridades".

Por isso, a Marinha de Guerra Angolana aumentou as suas operações na costa marítima, ao longo do rio Zaire e de outros canais navegáveis que circundam o município, para conter a imigração ilegal e o contrabando de combustível com a RDC.

“Estamos mais atentos a qualquer artimanha para tentarem escapar ao controlo das autoridades, fruto do cerco que intensificamos, através das patrulhas constantes efetuadas ao longo do rio Zaire e da costa marítima sob nossa jurisdição”, indicou o segundo comandante da Região Naval Norte da MGA no Soyo, contra-almirante Francisco da Conceição Nzagi.

Porém, a cumplicidade de alguns cidadãos nacionais tem sido apontada como um dos principais obstáculos aos esforços, neste sentido, das autoridades policiais em geral para quem o combate à imigração ilegal "está a ser dificultado por nacionais, que auxiliam e facilitam a obtenção de documentos a indivíduos estrangeiros".

“O maior problema que ainda persiste é a prática de auxílio à imigração ilegal e a facilitação na obtenção de documentos, fazendo com que muitos ilegais que, na sua maioria são detidos, ostentem identidade angolana falsa”, disse, na semana passada, o comandante provincial da Polícia Nacional (PN) em Cabinda, comissário Eusébio Domingos e Costa.

Ele explicou que, fruto deste apoio dos cidadãos nacionais, há muitos estrangeiros que já foram apanhados com bilhetes de identidade e passaporte angolanos. "É um caso permanente, porque há muitas pessoas que vêm para o país com o apoio de nacionais”, insistiu.

Recentemente, a Polícia Nacional deteve dois Angolanos, no município de Mbanza Congo, da província do Zaire, por facilitarem a entrada ilegal de estrangeiros em território nacional.

Trata-se de Augusto Miguel e Paulo Matumona, de 54 e 32 anos de idade, respetivamente, detidos na companhia de estrangeiros, essencialmente provenientes da RDC, em situação migratória ilegal, que eles pretendiam alegadamente transportar para a capital do país, Luanda.

O aumento de pessoas em condições migratórias irregulares tem estado a preocupar seriamente as autoridades angolanas, tendo em conta o número elevado de estrangeiros que são regularmente repatriados e outros que abandonam voluntariamente o país.

Só na província de Cabinda, por exemplo, foram repatriados, no ano passado, 14 mil estrangeiros que se encontravam em situação migratória ilegal, enquanto oito mil outros saíram de forma voluntária do território nacional, segundo ainda o comandante Eusébio e Costa.

-0- PANA IZ 29julho2012