Agência Panafricana de Notícias

Angola defende "causas profundas" para se diminuir diferenças étnicas e religiosas no mundo

Luanda, Angola (PANA) - O secretário de Estado angolano das Relações Exteriores, Manuel Augusto, afirmou em Nova Iorque, que a resposta da comunidade internacional aos problemas que afetam o Médio Oriente e o Norte de África não tem atacado as "causas profundas" dos conflitos, para diminuir as diferenças entre grupos étnicos e religiosos.

O diplomata angolano fez estes pronunciamentos quando discursava no "Debate Aberto Ministerial do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a situação no Médio Oriente.

O governante angolano afiançou que o colapso da autoridade de Estado agravou ainda mais as divisões setárias, com pessoas, em tempo de insegurança e incerteza, a inclinarem-se para as suas filiações étnicas e religiosas.

De acordo com Manuel Augusto, atualmente, a questão mais premente no Médio Oriente é derrotar grupos extremistas radicais, a fim de facilitar a resolução pacífica dos conflitos prevalecentes e evitar o cenário da consolidação de um Estado Islâmico, sendo, para tal, imperioso intensificar a cooperação política, diplomática, militar e económica entre os países.

Neste contexto, considerou a paz entre Israel e Palestina como elemento importante para a ordem e a estabilidade no Médio Oriente e uma ferramenta eficaz para o fim do recrutamento de extremistas radicais na região.

O secretário de Estado angolano lamentou a intensificação das políticas israelitas de alargamento dos assentamentos e a opressão e governação ilegal de milhões de Palestinos, assim como apelou à Palestina para renunciar à violência e reconhecer Israel, com vista a viabilizar a solução de dois Estados coabitando pacificamente.

"Reiteramos o relevante papel que o Conselho de Segurança deve desempenhar nesta questão, através da adoção de uma resolução, com parâmetros equilibrados e justos, para uma solução política para o conflito israelo-palestino", exortou.

Por outro lado, disse que, com a chamada Primavera Árabe, desencadeada em 2011, o mundo testemunhou os eventos ocorridos em alguns países do norte de África e no Médio Oriente e as perspetivas de uma nova era de paz, democracia e desenvolvimento económico, cujo resultado, infelizmente, foi o colapso da autoridade de Estado, novas formas de autoritarismo, extremismo e o desmembramento das fronteiras nacionais.

Destacou os casos do Iraque, da Líbia, da Síria e do Iémen que, a seu ver, apresentam estruturas de Estado desintegradas, territórios divididos entre áreas controladas por Governos legítimos e grupos armados não-estatais e terroristas do Estado Islâmico, Al-Qaeda, Al-Nusra, entre outros.

Na sua ótica, a solução para esses problemas deverá passar por um impulso decisivo e sincero das potências regionais e mundiais no sentido de esmagar o terrorismo e procurar soluções políticas para conflitos.

Durante a reunião, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, criticou a continuação da colonização israelita na Cisjordânia ocupada e exigiu o fim da construção de assentamentos, considerando-os iniciativas provocatórias suscetíveis de aumentar a tensão e minar qualquer perspetiva de uma solução política para o conflito.

A maioria dos oradores também condenou a política de assentimentos levada a cabo pelas autoridades israelitas, bem como a falta de vontade política para solucionar o conflito por via negocial.

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, tomou uma posição paternalista em relação às ações israelitas, como vem sendo prática.

Este foi o segundo e último Debate Aberto do mês de janeiro depois do primeiro ocorrido a 19 do corrente sobre a proteção de civis.

Angola vai assumir a presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas em março próximo.

-0- PANA DD/DD 27jan2016