Agência Panafricana de Notícias

Angola chamada a intervir na crise entre Sudão e Sudão do Sul

Luanda, Angola (PANA) - O Sudão do Sul pediu a intervenção de Angola, enquanto membro do Conselho de Paz e Segurança (CPS) da União Africana (UA), para lhe ajudar a ultrapassar a crescente tensão vivida nas suas relações com o vizinho Sudão.

O pedido de apoio diplomático está contido numa mensagem do Presidente sul-sudanês, Salva Kiir Mayardit, ao seu homólogo angolano, José Eduardo dos Santos, entregue quarta-feira em Luanda pelo seu enviado especial, Emmanuel Lewilla, durante uma audiência que lhe foi concedida pelo Vice-Presidente Manuel Vicente.

"Esperamos que Angola possa ajudar-nos para evitar novos conflitos com o nosso vizinho do norte. Pedimos que Angola intervenha quanto antes, usando da sua influência diplomática, na qualidade de membro do Conselho de Paz e Segurança" da União Africana, declarou Lewilla à imprensa no final da audiência.

Segundo ele, o Sudão do Sul está a ter grandes dificuldades com o seu vizinho do norte (Sudão), devido a incumprimentos de acordos de paz bilaterais, que espera sejam cumpridos na íntegra e os problemas "resolvidos pacificamente".

A sua vinda a Luanda coincidiu com a demissão, por Salva Kiir Mayardit, de todo o Governo do Sudão do Sul, incluindo o seu Vice-Presidente, Riek Machar, numa medida decretada terça-feira passada e justificada por Lewilla como destinada a ter uma equipa governamental menos pesada e mais funcional com a sua redução de 29 para 19 membros.

A tensão entre o Sudão do Sul e o Sudão, envolvidos numa disputa de zonas petrolíferas, agravou-se nos últimos dias, sobretudo após a decisão do Presidente sudanês, Omar al-Bashir, de mandar fechar os oleodutos pelos quais o seu vizinho do sul exporta o seu petróleo.

Bashir anunciou a sua decisão sábado passado num discurso proferido em Cartum Bahri, a 45 quilómetros da capital do país, Cartum, onde acusou o Sudão do Sul de apoiar os rebeldes sudaneses de Kordofan do Sul e de Darfur, que também reivindicam a sua separação.

Com esta medida, o Presidente sudanês materializou as suas ameaças feitas pouco antes quando advertiu que, para além do fecho dos oleodutos, também poderia cancelar todos os acordos de cooperação assinados entre os dois países, incluindo os relativos à segurança, se o Sudão do Sul continuasse a "apoiar os rebeldes sudaneses".

O Sudão do Sul, que se tornou independente do Sudão em julho de 2011, herdou 75 porcento das reservas de petróleo anteriormente pertencentes a este último, mas depende das infraestruturas sudanesas para exportar o seu petróleo, cujo principal cliente é a China.

-0- PANA IZ 25julho2013