Agência Panafricana de Notícias

Amnistia Internacional contra dispersão violenta de manifestantes em Angola

Luanda, Angola (PANA) – A Amnistia Internacional (AI) condena a violenta intervenção das forças de segurança angolanas terça-feira última durante uma manifestação pacífica para reclamar pela independência da província angolana de Cabinda (extremo norte) e a detenção de dezenas de manifestantes e de seus dirigentes.

Citado num comunicado, o diretor-geral da AI para a África Austral, Deprose Muchena, declarou no mesmo dia, que as forças de segurança do Estado angolano fizeram uso excessivo da força para dispersarem as manifestações de terça-feira.

"O desdobramento massivo das forças de segurança, armadas de cacetes e de armas de fogo, e o recurso excessivo à força contra manifestantes pacíficos para impedir esta manifestação planificada é uma outra indicação que as autoridades não estão dispostos a tolerar a dissidência”, referiu.

"Este recurso a táticas ilegais e intimidantes para reprimir uma manifestação pacífica ignora totalmente os direitos à liberdade de expressão e de reunião pacífica”,  indignou-se o responsável.

"As pessoas detidas devem ser libertas imediatamente e sem condição. A autorização deve ser concedida para que as populações possam exercer livremente os seus direitos de manifestação. Angola apenas pode beneficiar da pluralidade dos votos”, acrescentou o responsável.

Os manifestantes agruparam-se na cidade de Cabinda para participar num referendo sobre a autonomia de Angola porque pensam que são marginalizados.

As autoridades, segundo o organismo de defesa dos direitos humanos, reagiram desdobrando vários elementos das forças de segurança para bloquearem a manifestação.

Cabinda representa a maior parte da produção petrolífera do país, o principal motor da economia.

O advogado dos direitos humanos, Arão Bula Tempo, viu a sua casa cercada por polícias armados, antes da manifestação de terça-feira.

Tempo é um eminente advogado dos direitos humanos e pensa-se que tenha sido colocado sob custódia devido ao seu trabalho no domínio dos direitos humanos e das suas opiniões políticas.

-0- PANA DJ/AR/ASA/BEH/MAR/DD 11dez2019