Agência Panafricana de Notícias

Amnistia Internacional acusa milícia Dozos de amedrontar povo na Côte d´Ivoire

Paris, França (PANA) – A Aministia Internacional (AI) acusou a milícia Dozos e as Forças Repúblicanas da Côte d'Ivoire (FRCI) de instaurar um clima de medo impedindo assim centenas de milhares de pessoas deslocadas, devido a atos de violência pós-eleitoral, de regressar às suas casas.

Num relatório, "Não desejamos regressar às nossas casas, mas não Podemos ", " Insegurança e pessoas deslocadas na Côte d’Ivoire : uma crise persistente", divulgado quinta-feira, AI manifestou-se particularmente preocupada pelo « papel de manutenção da segurança », que as forças oficiais confiaram aos Dozos.

« Dozos armados garantem a supervisão de postos de controlo nas estradas principais do oeste ivoiriense dissuandindo assim as pessoas deslocadas de regressar às suas casas », sublinhou o documento.

Em Duékoué, no oeste, lê-se no texto, os Dozos armados circulam frequentemente de motorizadas na rua principal do bairro Carrefour.

« Eles não precisam de fazer outra coisa. Não sequer, precisaram de descer das suas motos. O simples facto de vir aqui, às vezes com as suas armas, basta para nos aterrorizar. É isto que eles querem”, declarou à AI um habitante do bairro Carrefour.

Segundo a AI, os Dozos parecem visar nomeadamente os Guérés , considerados como próximos do ex-Presidente da República, Laurent Gbagbo, candidato derrotado às presidenciais de 28 de novembro de 2010, ganhas por Alassane Ouattara.

« A liberdade com a qual os Dozos agem doravante mostra que o seu comportamento é tolerado ou é mesmo encorajado pelas Forças Repúblicanas da Côte d´Ivoire (FRCI). O Presidente Ouattara e o primeiro-minsitro Guillaume Soro devem esforçar-se para criar uma força de segurança imparcial que possa assegurar a proteção de todos os cidadãos ivoirienses, seja qual for o grupo étnico a que eles pertençam”, considera Gaëten Mootoo, pesquisador da AI sobre a África Ocidental.

O relatório mostra como as FFRCI e os Dozos continuam a perpetrar homicídios e visar pessoas unicamente devido à sua pertença étnica, mesmo após a investidura de Alassane Ouattara a 21 de maio de 2011.

"As graves consequências desta recente onda de insegurança e de deslocações de populações devem ser rapidamente resolvidas, senão elas prejudicarão os esforços de reconciliação envidados num país dilacerado por uma década de conflitos étnicos e violentos", indica AI.

-0- PANA BM/JSG/MAR/DD 29julho2011