Agência Panafricana de Notícias

AI pede à ONU para reagir face a catástrofe humanitária iminente na RCA

Nairobi, Quénia (PANA) – As Nações Unidas, quando examinar as opções submetidas pelo seu Secretário-Geral relativas à manutenção da paz na República Centro Africana (RCA), deverá perceber a catástrofe humana de grande amplitude que se anuncia, defendeu a Amnistia Internacional (AI).

Na RCA, a situação agrava-se cada dia. Ela é marcada por execuções extrajudiciais e outros homicídios ilegais, por violações sexuais e outras formas de violência sexual que visam mulheres e raparigas cometidas impunemente pelos membros das forças de segurança e pelos grupos armados.

"A crise está a escapar ao controlo e a comunidade internacional continua indiferente durante muito tempo", deplorou o secretário-geral da AI, Salil Shetty.

« Pessoas morrem na República Centro Africana enquanto nós falamos. Devemos agir com urgência. Não há tempo a perder », acrescentou.

Num relatório divulgado a 30 de outubro último, a AI denunciou as violações dos direitos humanos cometidas em grande escala na RCA.

As imagens satélite divulgadas uma semana mais tarde mostravam terríveis danos causados por estas violências, nomeadamente centenas de casas incendiadas e provas que atestam deslocamentos em massa de população.

A situação em termos de segurança deteriorou-se rapidamente desde dezembro de 2012, quando a Séléka, uma coligação de grupos armados, lançou uma ofensiva contra o ex-Presidente François Bozizé.

Desde que a Séléka tomou o poder, em março de 2013, as violências imputáveis aos seus combatentes e aos grupos armados da oposição escapam ao controlo, neste que é doravante um país exposto à anarquia.

As tensões e os confrontos armados entre os diferentes grupos étnicos e religiosos estão a multiplicar-se.

A maioria da população é cristã, como o ex-Presidente François Bozizé.

O Presidente no poder, Michel Djotodia, e a maioria dos membros das forças de segurança são muçulmanos, como os ex-combatentes da Séléka, essencialmente originários do nordeste do país e dos vizinhos Tchad e Sudão.

Na RCA, as armas ligeiras e de pequeno calibre são comuns e cerca de 20 mil ex-combatentes da Séléka, bem como outros grupos armados podem facilmente ter armamento.

Na capital, Bangui, os ataques lançados em pleno dia pelos grupos armados são cada vez mais numerosos, nomeadamente homicídios imputáveis a ex-combatentes da Séléka e a membros das forças de segurança.

Em julho de 2013, a União Africana (UA) anunciou que enviará três mil 500 soldados para proteger os civis na RCA.

Em finais de outubro último, cerca de dois mil 600 soldados foram enviados para este país.

França, que tem igualmente tropas no país, anunciou o desdobramento de reforços.

"É crucial que a ONU trabalhe em parceria com membros da comunidade internacional, em particular a União Africana, a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) e França, para garantir a aplicação imediata de medidas concretas visando restabelecer a lei e a ordem pública no país", afirmou Salil Shetty.

"A comunidade internacional deve tomar medidas, antes que seja muito tarde, com vista a pôr termo às violações dos direitos humanos e evitar que a RCA faça manchete da atualidade internacional como sinónima de tragédia humana", declarou o secretário-geral da Amnistia Internacional.

-0- PANA DJ/SEG/NFB/JSG/FK/TON 26nov2013