Agência Panafricana de Notícias

Agentes culturais queixam-se de falta apoio em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) - O presidente da recém-formada Associação de Produtores de Eventos de Cabo Verde (APECV) Mário Bettencourt disse quarta-feira que os homens da cultura do país ainda estão apreensivos e à espera de apoios que lhes foram prometidos pelo Governo, para fazer face a dificuldades, devido à pandemia da covid-19.

Em declarações à Radio de Cabo Verde (RCV), Mário Bettencourt, afirmou que, depois dos vários encontros com as autoridades e das promessas feitas os apoios ainda não chegaram, o que torna a situação dos artistas “insustentável”, uma vez que particamente todos os eventos culturais foram suspensos devido à pandemia.

“A real situação dos homens da cultura é de penúria, porque não trabalhamos desde mês de março. Alguns de nós têm feito coisas pontuais na Internet, mas não chega para sustentar uma empresa”, afirma o também proprietário da MARIUS Production, uma empresa de produção áudio que presta serviços nos festivais e outros eventos culturais no país e no estrangeiro.

Para Mário Bettencourt, as boas intenções não chegam, por isso pede ações concretas no sentido de minimizar as dificuldades por que passam os agentes culturais, em Cabo Verde. 

“Já falamos várias vezes com o Governo, através de diferentes interlocutores, apresentamos soluções, mas até hoje nada. Precisamos de ações concretas, somos uma das indústrias importantes e influentes em Cabo Verde como outras que existem. De certeza, estamos na mesma luta e  precisamos que haja atenção, porque são milhares de pessoas desempregadas e outras em lay-off, pessoas que dependem de nós”, precisou.

Neste sentido, Mário Bettencourt junta a sua voz aos outros produtores que dizem que os impactos da covid-19 na produção cultural têm sido enormes com vários prejuízos, e que muitos artistas estão a passar por sérias dificuldades sócio-económicas.

Por isso, pede uma rápida resposta por parte do Governo, para minimizar os efeitos negativos, assim como está a acontecer em relação a outros outros setores da vida nacional. 

Na altura da apresentação da APECV, no passado dia 11 de junho, Mário Bettencourt sublinhou que a criação desta associação é um sonho antigo que se tornou realidade no sentido de juntar os produtores do setor no país, para que possam de forma única e conjunta trabalhar em prol da cultura e da produção de eventos, em Cabo Verde.

“A pandemia acelerou este propósito e veio pôr a nu várias questões que temos vindos a debater ao longo dos anos. Por causa disso, toda essa urgência e dinâmica que empregamos na criação e efetivação da Associação de Produtores de Eventos de Cabo Verde”, assegurou.

Presente no ato de apresentação pública da APECV, o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente  considerou a criação desta associação um grande passo para que o setor tenha força de pressão, lobby e negociação.

Isto  porque, segundo Abraão Vicente, com a formalização da associação, o Governo vai analisar as preocupações dos produtores de eventos e garante que ele já está a finalizar a lei-quadro que regulamenta todo o setor da produção de espetáculos e produção de eventos.

Anteriormente, o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas havia anunciado que o Governo estava a preparar uma linha de apoio e de incentivo para o setor da cultura, com foco nas artesãos e músicos que residem no país e que vivem dos seus trabalhos.

“Nós vamos apoiar, primeiramente, os artistas que, de facto, têm a sua situação formalizada junto das Finanças”, prometeu, avisando que só serão apoiados os artistas residentes, em Cabo Verde.

Abraão Vicente desafiou tambem as entidades de gestão coletiva no país, nomeadamente a Sociedade Cabo-verdiana de Música (SCM) e a Sociedade Cabo-verdiana de Autores (SOCA) a criarem um fundo de emergência para apoiarem os artistas no país.

-0- PANA CS/IZ 24julho