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Agências de viagens defendem “reabertura imediata” das fronteiras em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) - As agências de viagens e turismo de Cabo Verde defendem a “reabertura imediata” das fronteiras do país para ultrapassar os momentos difíceis das empresas por falta de voos comerciais internacionais, interrompidas desde 19 de março passado, devido à pandemia da covid-19, apurou a PANA quarta-feira, na cidade da Praia.

Em declarações à imprensa, o membro do conselho diretivo da Associação das Agências de Viagens e Turismo de Cabo Verde (AAVTCV), Luísa Giorgensen, considerou que o medo inicial do vírus já foi ultrapassado e as pessoas e empresas já têm informações suficientes sobre a doença. 

Por isso, defendeu que neste momento “não há razões” para continuar com o confinamento. “Há que haver uma abertura”, advogou Luísa Giorgensen.

“Achamos que deverá haver uma abertura, a população já está acostumada, já sabe como agir”, disse a responsável associativa, para quem os efeitos para as empresas do setor são enormes, acreditando que algumas já devem estar fechadas e outras estão a seguir o mesmo caminho.          

“Porque sem rendimento, sem poder trabalhar, não há como sustentar. Acho que se não houver um posicionamento do Governo para uma abertura imediata, ou então com uma data precisa do momento de abertura, vai ser a morte para as empresas”, previu Luísa Giorgensen.

A responsável lembrou que essas empresas já estão há seis meses na mesma situação, que todas têm as suas despesas, e que há uma altura em que chegam a um limite, onde não se pode fazer mais nada, e “o fecho é o caminho”.

“As palavras são incerteza e indefinição, e assim não se pode planificar”, lamentou.

Segundo ela, “as agências de viagens continuam na mesma, porque temos agora essa indefinição na data da abertura e essa incerteza no amanhã que nós não sabemos o que é que vai acontecer, principalmente para a agências de ‘in coming’ – as que recebem visitantes em Cabo Verde – é muito difícil porque não se pode planificar nada”.

Inicialmente, o Governo de Cabo Verde tinha anunciado a retoma dos voos comerciais internacionais para 30 de junho, mas com o recrudescer de casos, tanto na Europa como nas ilhas, a reabertura foi novamente adiada.

Posteriormente, o ministro do Turismo e Transportes, Carlos Santos, anunciou que Cabo Verde deveria retomar voos comerciais internacionais na segunda quinzena de agosto, mas um mês depois essa previsão ainda não se concretizou e não há nova indicação.

De acordo com a previsão constante de um documento de suporte ao Orçamento Retificativo para 2020, que entrou este mês em vigor, a procura turística deverá recuar este ano a níveis de 2009, devido à pandemia da covid-19, com a perda de 536 mil turistas face à previsão inicial do Governo.

Trata-se de uma quebra de 58,8 por cento na procura turística, face aos 819 mil turistas que o arquipélago recebe, em 2019.

O Governo estimava antes da pandemia da covid-19 um crescimento da procura turística de 6,6 por cento, aproximando-se da meta anual de um milhão de turistas, depois de um crescimento de sete por cento,  em 2019.

Na previsão do Governo, Cabo Verde deverá receber este ano apenas 337.555 turistas. Deste total, 170.778 são turistas que já visitaram o país no primeiro trimestre de 2020, pelo que até final do ano o país deverá receber pouco mais de 165 mil turistas.

O turismo representa praticamente 25 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde e a revisão em forte baixa das previsões para 2020 reflete-se desde logo numa quebra de 66,1 por cento nas receitas com o setor.

As receitas com o turismo renderam em 2019 um máximo histórico de 43.103 milhões de escudos (389 milhões de euros), mas segundo a previsão do Governo deverão cair este ano para 15.086 milhões de escudos (136 milhões de euros).

-0-  PANA CS/IZ  16set2020