Agência Panafricana de Notícias

ADEA deplora falta de acesso à escola de 30 milhões de crianças em África

Túnis, Tunísia (PANA) – Apesar de o Banco Mundial classificar 16 países africanos entre as 30 economias com maior crescimento éconómico no mundo em 2013 e 2014, mais de 30 milhões de crianças africanas não têm acesso à escola, deplorou terça-feira em Túnis, a capital da Tunísia, o presidente da Associação para o Desenvolvimento da Educação em África (ADEA).

Dzingai Mutumbuka, que falava na cerimónia de abertura oficial do primeiro Fórum Ministerial Africano sobre a Integração das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) na Educação e na Formação, afirmou que o relatório sobre progressos em África de 2012 indica que sete das economias do mundo com crescimento económico mais rápido estão em África.

Citando o relatório do Banco Africano de Africano (BAD) intitulado “África dentro de 50 anos”, ele disse que o futuro do continente africano será determinado pela capacidade das suas economias a enfrentar as dificuldades « ao investir nas suas cidades, gerir os fluxos migratórios, transformar os seus produtos agrícolas, assegurar uma melhor gestão dos seus recursos naturais e conjugar os seus esforços para penetrar no mercado mundial de bens e serviços ».

O presidente da ADEA lamentou ainda o facto de que África será incapaz de atingir o objetivo de educação primária universal até 2015, sublinhando que muito dependerá da capacidade das sociedades e das economias africanas para promover a educação e a formação que produzam conhecimentos, perícias e qualificações críticas que são necessárias para o desenvolvimento durável do continente.

Por outro lado, Dzingai Mutumbuka solicitou e os participantes no fórum observaram um minuto de silêncio em homenagem ao ex-Presidente sul-africano e ícone da luta anti-apartheid, Nelson Mandela, que morreu quinta-feira passada aos 95 anos na sua casa após prolongada doença.

Intervindo igualmente na cerimónia de abertura oficial do fórum ministerial, que encerra quarta-feira, o ministro tunisino das Tecnologias da Informação e da Comunicação, Mongi Marzouk, afirmou que a construção duma sociedade da informação e do conhecimento exige o aproveitamento das TIC.

Mongi Marzouk disse que a Tunísia utiliza as TIC em todos os níveis de ensino e para a formação de professores, indicando que 160 estabelecimentos de ensino superior estão contetados à internet no país.

O vice-presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Aly Abou-Sabaa, que discursou igualmente na cerimónia, defendeu que África deve fornecer oportunidades de ensino para 30 milhões de crianças fora do sistema escolar e contratar mais de um milhão de professores em menos de dois anos.

Aly Abou-Sabaa destacou que as TIC podem fornecer aos professores formação necessária para melhorar o desempenho e ajudar as populações marginalizadas, sobretudo as raparigas e as mulheres das áreas pobres e rurais, a obter maior acesso às oportunidades de aprendizagem e de formação.

O vice-presidente do BAD, citando Nelson Mandela, disse que « a educação é a arma mais poderosa que podemos usar para mudar o mundo ».

Por seu turno, o diretor da educação e juventude da Organização Internacional da Francofonia (OIF), Ma-Umba Mabiala, advogou que os países africanos devem prosseguir os esforços para tornar o acesso à internet para todos a preços acessíveis.

Ele disse que a OIF inscreveu a inovação tecnopedagógica como uma das chaves para a formação, sublinhando que a organização encomendou vários estudos de caso em diversos países que provaram o papel das TIC para resolver os problemas dos sistemas educativos.

Um dos preletores cuja intervenção era muito aguardada no fórum ministerial e um dos promotores da integração das TIC na educação na Coreia do Sul, o professor emérito Peck Cho, da Universidade de Dongguk, fez uma retrospetiva do longo caminho trilhado pelo seu país desde a sua devastação durante ocupação do Japão nos anos 1940 e a guerra da Coreia nos anos 1950 para se tornar hoje numa das economias dinâmicas do mundo.

« A Coreia era um dos países mais pobres do mundo e tornou-se numa das economias mais dinâmicas do mundo », afirmou, ressaltando que isto foi possível graças ao investimento nos seus recursos humanos, apesar de o seu país não dispor de recursos minerais.

«Se a Coreia fez em 50 anos acho que África possa fazer o mesmo talvez em 10 anos », afirmou o professor Peck Cho.

A cerimónia de abertura do fórum ministerial contou ainda com alocuções dos vice-presidentes das empresas americanas de tecnologia informática Intel Corporation e Microsoft, respetivamente John Davies e Anthony Salcito.

À margem da cerimónia, a ADEA assinou memorandos de entendimento com a Intel Corporation e a Microsoft para reforçar a formação de professores em África com a utilização das TIC.

O Fórum Ministerial Africano sobre a Integração das TIC na Educação e na Formação visa ajudar os decisores políticos, os representantes dos organismos de desenvolvimento e do setor privado a adotar políticas eficazes e pertinentes de inserção das TIC para acelerar de maneira estratégica a transformação dos seus sistemas de educação e de formação.

Ele tem igualmente como objetivo criar uma plataforma de diálogo de alto nível entre os diferentes atores para que eles tenham uma compreensão comum das possibilidades oferecidas pelas TIC e das políticas estratégicas a adotar para a sua utilização eficaz pelos sistemas de educação e de formação.

A reunião é conjuntamente organizada pela Associação para o Desenvolvimento da Educação em África (ADEA), pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), pela Organização Internacional da Francofonia (OIF) e pela empresa americana de informática e tecnologia Intel Corporation, sob os auspícios do Ministério da Educação da Tunísia.

Por: António Pascoal Neto,
Enviado especial da PANA

-0- PANA TON 10dez2013