Agência Panafricana de Notícias

ACNUR lança alerta face a numerosas vítimas da imigração para Europa

Nova Iorque, Estados Unidos (PANA) – As novas cifras sobre as travessias clandestinas do Mediterrâneo no terceiro trimestre de 2013 demonstram um aumento alarmante do número de pessoas que morrem ao tentar deslocar-se à Europa, deplorou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

« Não aprendemos as lições dos acontecimentos terríveis de outubro último e cada vez mais refugiados afogam-se ao tentar encontrar segurança », deplora o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, num comunicado publicado esta sexta-feira em Nova Iorque.

Guterres fazia alusão ao trágico incidente ocorrido há um ano, no qual um barco com migrantes da Líbia pegou fogo e afundou-se ao largo da ilha italiana de Lampedusa, fazendo 368 mortos e apenas 155 sobreviventes.

Segundo o ACNUR, 90 mil pessoas efetuaram a travessia para a Europa entre 1 de julho e 30 de setembro e pelo menos duas mil e 200 outras perderam a vida, contra 75 mil pessoas e 800 mortos entre 1 de janeiro e 30 de junho.

No total, 165 mil pessoas fizeram a travessia para a Europa este ano, contra 60 mil em 2013, o que faz de 2014 um ano recorde e reflete o nível de desespero destas pessoas.

A agência da ONU diz que se ignoram as razões profundas do aumento das travessias e das mortes este ano, mas sublinha que ele parece devido a vários fatores como a insegurança na Líbia, que afetou os requerentes de asilo e os migrantes da África Subsariana ou do Médio Oriente e obrigou vários deles a fugir.

Segundo o ACNUR, a Líbia deve garantir o respeito dos princípios dos direitos humanos e do direito internacional, pois uma má aplicação das leis permite às redes de imigração clandestina prosperar.

O ACNUR sublinhou que a tragédia de setembro último ao largo de Malta, na qual 500 pessoas morreram quando o naufrágio da sua embarcação foi provocado por traficantes, deixou apenas 11 sobreviventes que passaram vários dias na água, assistindo impotentes à agonia de membros das suas famílias e dos seus amigos.

« Os países europeus devem trabalhar juntos para continuar a tarefa vital lançada no quadro da operação italiana Mare Nostrum, mas igualmente pelos navios comerciais que salvam as pessoas no mar », concluiu o alto comissário da ONU para os refugiados.

-0- PANA AA/SEG/FJG/JSG/IBA/FK/TON 03out2014