Agência Panafricana de Notícias

89 novos casos de covid-19 na Guiné-Bissau

Luanda, Angola (PANA) – A Guiné-Bissau totalizou quinta-feira 564 casos confirmados de coronavírus (covid-19), mais 89 infeções que no dia anterior.

Com 25 recuperações, dois óbitos e 537 casos ativos, a Guiné-Bissau mantém-se assim como o país africano de expressão portuguesa com o maior número de casos, depois de ultrapassar sucessivamente Moçambique e Cabo Verde.

Até cerca de uma semana antes, Cabo Verde ocupava a primeira posição entre os cinco PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), sendo agora segundo com 218 casos, incluindo dois óbitos, 38 curas e 178 internamentos.

Na terceira posição da lusofonia africana, aparece São Tomé e Príncipe, que também deixou o grupo dos menos atingidos, na última semana, numa progressão exponencial de 23 para 174 casos, em menos de 24 horas.   

Dias antes nessa mesma semana, a Guiné-Bissau figurava entre os países menos afetados pela doença, com 73 casos confirmados e 54 ativos, perto de Moçambique e Angola que apresentam hoje, respetivamente, 81 e 36 contaminações.

Moçambique é entre os PALOP o único ainda sem registo de óbito ligado à covid-19, mantendo no seu balanço 24 recuperações e 57 internamentos, enquanto Angola conta, entre os seus 36 casos, dois pacientes falecidos, 11 curados e 23 internados.     

Mas a situação é cada vez mais preocupante, na Guiné-Bissau, onde os números sobem todos os dias de forma exponencial, apesar das medidas de confinamento decretadas pelas autoridades nacionais, constatam alguns observadores.

Para estes observadores, as inquietações sobre a situação epidemiológica, na Guiné-Bissau, levam também em consideração as debilidades do sistema nacional de saúde que podem afetar negativamente a sua capacidade de resposta se o país mantiver por muito tempo a atual progressão exponencial da pandemia.  

As primeiras  pessoas infetadas estavam todas a receber assistência médica e a recuperar em casa, de acordo com o ministro da Saúde Pública, António Deuna.

O Hospital Simão Mendes, a maior unidade sanitária do país, instalada na capital, em Bissau, dispõe de 40 camas a que as autoridades contam recorrer, em caso de necessidade, juntamente com 20 outras atualmente disponíveis no Hospital de Cumura e 15 no Hospital Pediátrico de Bôr.

Com estas duas últimas unidades pertencentes à Igreja Católica totaliza-se as 75 camas mas, segundo ainda o ministro António Deuna,   o Governo do primeiro-ministro Nuno Nabian pensa requisitar hotéis, em Bissau, para internamento de doentes de covid-19, “se for ainda necessário”.

As autoridades sempre afirmaram que o desrespeito das medidas de confinamento social por parte de alguns doentes de covid-19 originou o alastramento da doença até chegar aos níveis atuais.

Em recentes declarações à imprensa, em Bissau, António Deuna disse que algumas pessoas infetadas pela covid-19 recusaram acatar a ordem de ficarem nas suas residências e não se misturarem com outras pessoas da família ou do bairro.

“Essas pessoas saíram das suas casas, tiveram contactos com outras pessoas e isso fez com que a doença se alastrasse”, disse.

Mas há quem entenda também que as autoridades “não estão a cumprir”, sendo responsáveis por algumas falhas na observância do Estado de Emergência.

“Deviam cumprir (primeiro) e depois fazer cumprir", critica o médico guineense Mꞌboma Sanca, que aponta “falhas” no cumprimento do Estado de Emergência pela população e na resposta das autoridades como as principais causas da subida dos casos de coronavírus, no país.

Segundo Sanca, muitas pessoas ficaram infetadas e os próprios membros do Governo também, o que significa “que as próprias autoridades é que não estão a cumprir, porque elas é que deviam cumprir (primeiro) e depois fazer cumprir". 

Cinco membros do Governo estão infetados, incluindo o primeiro-ministro Nuno Nabian, próprio ministro António Deuna e o seu colega do Interior, Botche Candé.

Também testaram positivo à covid-19 os secretários de Estado da Ordem Pública, Mário Fambe, e da Integração Regional, Mónica Buaro da Costa.

Algumas denúncias dão conta de que, no período reservado para o funcionamento dos mercados, há muita aglomeração de pessoas, algumas delas sem máscaras de proteção e o distanciamento físico “é praticamente nulo”.

-0- PANA IZ 08maio2020