Agência Panafricana de Notícias

62 manifestantes comparecem em tribunal após violentas manifestações na Guiné-Conakry

Conakry, Guiné (PANA) – Pelo menos 62 pessoas, das quais 13 menores e duas mulheres, vão comparecer em Tribunal, na sequência de três dias de violentas manifestações que provocaram a destruição de bens públicos e privados em Conakry, capital da Guiné-Conakry, soube a PANA de fonte judicial.

A mesma fonte precisa que os 13 menores serão julgados brevemente num tribunal para crianças e os restantes pelas jurisdições competentes onde "a lei será aplicada com todo o seu rigor".

Várias pessoas detidas por "atos de violência e de destruição de bens públicos e privados" durante manifestações anteriores da oposição foram sentenciados antes de intervenções para a sua libertação".

Os incidentes, que marcaram "a marcha pacífica" de quarta-feira última, em Conakry, onde o Coletivo dos Partidos para a Finalização da Transição, o Clube Dos Republicanos (CDR) e a Aliança para a Democracia e Progresso (ADP) exigiam a retirada da operadora sul-africana de digitalização, Waymark, e o voto dos Guineenses do estrangeiro nas eleições legislativas de 12 de maio próximo, fizeram três mortos, dos quais dois manifestantes e um polícia.

O Governo, que prometeu "esclarecer totalmente" os casos das pessoas mortas, precisou que as Forças Armadas receberam a ordem de permanecer nos seus quartéis, deixando a manutenção da ordem aos polícias e aos gendarmes que estiveram a braços com os manifestantes durante várias horas.

Apesar do apelo para a calma e a moderação do Governo, confrontos eclodiram sexta-feira última, no maior mercado de Madina, centro nevrálgico dos negócios, entre os comerciantes Malinkés (etnia do Presidente da República, Alpha Condé) e Fulas (etnia de Cellou Dalein Diallo, líder da oposição), onde vários armazéns foram pilhados e depois incendiados.

Assim, o governador de Conakry, Séckou Camara, ordenou o encerramento sábado deste importante mercado, cercado pelas forças da ordem, das quais muitas ficaram feridas, algumas gravemente, durante toda a manifestação.

O líder da União das Forças Democráticas da Guiné (UFDG), Cellou Dalein Diallo, acusou as forças da ordem de serem parciais a favor “dos vadios” da Coligação do Povo da Guiné (RPG-partido presidencial) para brutalizar, muitas vezes até às suas casas, os seus militantes e simpatizantes da etnia Fula.

Esta acusação foi rejeitada pelo porta-voz do Governo, Damantag Albert Camara, que denunciou vigorosamente a estigmatização, atribuindo os atos de vandalismo a "vadios que se aproveitaram dos acontecimentos para cometer delitos".

O encontro, previsto para segunda-feira entre o Presidente Condé e a classe política, com vista a resolver a crise que opõe, há alguns meses, certos partidos da oposição à maioria presidencial, é almejado por todos, nomeadamente por líderes religiosos cristãos e muçulmanos que multiplicam apelos para a calma e a moderação.

O imame El Haj Mamadou Saliou Camara convocou, domingo, 500 imames da capital para "uma importante reunião” na grande mesquita Fayçal, com vista a lançar uma gigantesca campanha de sensibilização das populações ao regresso da calma e da paz após os incidentes que fizeram mais de 150 feridos no país.

-0- PANA AC/JSG/FK/DD 04março2013