Agência Panafricana de Notícias

40 migrantes clandestinos morrem afogados ao largo da Líbia

Trípoli, Líbia (PANA) – Quarenta migrantes clandestinos morreram afogados ao largo das costas da Líbia, na última catástrofe marítima ocorrida terça-feira, no Mediterrâneo, afirmou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), garantindo que este incidente “chocante” incitou a agência onusina a  reafirmar o seu apelo urgente para cada vez mais ações para salvar vidas.

Num comunicado publicado quarta-feira, o ACNUR indica que 60 sobreviventes foram salvos e conduzidos à terra na cidade costeira de Khoms, a quase 100 quilómetros a leste de Trípoli.

Uma operação de salvamento, realizada pelos agentes da  Guarda Costeira líbia e por um  pescador local está em curso desde quarta-feira de manhã.

"Simplesmente, não devemos aceitar estas tragédias como inevitáveis”, declarou o enviado especial do ACNUR para o Mediterrâneo Central, Vincent Cochetel, citado pelo comunicado.

Precisou que “as simpatias devem agora tornar-se em ações que impeçam as perdas de vida no mar e as perdas de esperança que motivam as pessoas a correr o risco de perder as suas vidas”.

As equipas do ACNUR fornecem aos sobreviventes uma assistência médica e humanitária, indicou a agência onusina para os refugiados, sublinhando que este último incidente acontece apenas algumas semanas após o naufrágio de um navio em que teriam morrido 150 pessoas no pior incidente ocorrido no Mediterrâneo, este ano.

Na sequência desta última tragédia, estima-se que quase 900 pessoas perderam a vida ao tentar atravessar o Mediterrâneo, em 2019, segundo o ACNUR.

A agência onusina para os refugiados apela para o redobrar de esforços para reduzir as perdas de vida no mar, nomeadamente através do regresso dos navios de  busca e salvamento dos Estados da União Europeia (UE).

"As restrições jurídicas e logísticas impostas às operações de busca e de salvamento das Organizações não Governamentais(ONG), tanto no mar como na parte aérea, deverão ser levantadas”, defendeu o ACNUR, acrescentando  que “ os Estados costeiros deverão facilitar e não minar os esforços voluntários que visam reduzir o número de mortes no mar”.

Estas medidas deverão ser acompanhadas pelo aumento do número de locais de evacuação e de reinstalação dos Estados a fim de permitir aos refugiados, na Líbia, afastar-se do perigo, indica o documento.

Este incidente acontece numa altura em que  a alta comissária adjunta do ACNUR, Kelly Clements, concluiu uma visita de dois dias à Líbia para avaliar as necessidades humanitárias crescentes do país.

Clements apelou para um apoio acrescido às pessoas afetadas pela violência, nomeadamente os refugiados e os migrantes, e reiterou o apelo do ACNUR para pôr termo à detenção arbitrária das pessoas salvas no mar e reenviadas para a Líbia

Ela prometeu que o ACNUR se comprometerá a colaborar com as autoridades líbias para  elaborar soluções de substituição para a detenção para mais de  quatro mil e 800 refugiados e migrantes atualmente retidos em centros de detenção.

-0-PANA BY/BEH/FK/IZ 29ago2019