Agência Panafricana de Notícias

11 réus em liberdade provisória no julgamento de Thomas Sankara no Burkina Faso

Ouagadougou, Burkina Faso (PANA) - Onze réus no julgamento do assassinato de Thomas Sankara, no Burkina Faso, obtiveram terça-feira liberdade provisória.

Os 11 vão passar agora a apresentar-se livremente em julgamento, enquanto o general Gilbert Diendéré, condenado a 20 anos de prisão no caso do golpe de Estado de setembro de 2015, permanece na prisão.

O primeiro réu a comparecer neste julgamento, Yamba Elysée Ilboudo, soldado e motorista, confessou terça-feira em tribunal os factos de que é acusado no caso do assassinato de Thomas Sankara.

"Um soldado tem um líder. Ele cumpre as ordens do seu líder. Recebi a ordem do meu líder Hyacinthe Kafando, a 15 de outubro. Ele disse, Eliseu, vamos ao Conselho da Entente (onde Thomas Sankara e seus companheiros foram mortos ) partimos da casa de Blaise Compaoré ”, disse.

A 15 de outubro de 1987, o capitão Thomas Sankara, então Presidente do Burkina Faso, foi assassinado junto com outras 12 pessoas, em Ouagadougou, levando ao poder o seu irmão de armas, Blaise Compaoré.

Durante o regime de Blaise Compaoré, o processo não andou. A queixa relativa ao caso de Thomas Sankara e os seus companheiros foi apresentada, em 1997, e foi indeferida.

Mas, graças à revolta popular que destituiu Blaise, em outubro de 2014, o sistema judiciário  burkinabe mudou de postura, começando primeiro com a exumação dos corpos seguida de testes de ADN.

A  justiça burkinabe acusou 14 pessoas, incluindo o ex-Presidente Blaise Compaoré e o seu braço direito, general Gilbert Diendéré, que já cumpre uma pena de 20 anos em conexão com o golpe de Estado fracassado de setembro de 2015.

Compaoré vive exilado, na Côte d'Ivoire, onde obteve a nacionalidade deste país, o que dificultou a sua extradição, apesar de um mandado de prisão internacional emitido pelo Burkina Faso.

O ex-Presidente Blaise Compaoré e Hyacinthe Kafando, ausentes, têm 10 dias para comparecer. Na segunda-feira, o tribunal autorizou a sua comparência por videoconferência a pedido dos advogados da parte civil.

O general Gilbert Diendéré, braço direito de Blaise Compaoré na altura dos factos, compareceu no primeiro dia de audiência.  Já foi condenado a 20 anos de prisão efetiva no processo do golpe de Estado abortado de 2015.

Mariam Sankara, viúva de Thomas, está em Ouagadougou para participar no julgamento.

-0- PANA NTDD/IS/MAR/IZ 27out2021