Agência Panafricana de Notícias

Oposição saúda retirada da OIF do processo eleitoral guineense

Conakry, Guiné (PANA) - O líder da União para o Desenvolvimento e Democracia (UDD, oposição), Amadou Oury Bah, saudou terça-feira a decisão da Organização Internacional da Francofonia (OIF) de se retirar do processo eleitoral na Guiné-Conakry.

A OIF anunciou, num comunicado publicado na segunda-feira, no seu site, a sua retirada do processo eleitoral conakry-guineense.

Numa entrevista concedida à PANA, Amadou Oury Bah, disse que a decisão da OIF é bem-vinda porque, segundo ele, esta organização, que participou em 2018 na auditoria ao arquivo de 2015 constatou que a corrupção desta ferramenta era muito mais ampla.

"A retirada da OIF, que é um protesto contra as autoridades e a Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI), acabará por produzir um isolamento da Guiné-Conakry", considera  este ex-ministro da Reconciliação Nacional sob o falecido Presidente Lansana Conté.

Tal como outras instituições, acrescentou, a OIF manifesta a sua preocupação com a situação sócio-política e implorou à Guiné-Conakry que não causasse "uma tragédia devido à teimosia do Governo em organizar uma paródia eleitoral", incluindo a dupla votação sobre as eleições legislativas e o referendo, previsto para 1 de março próximo.

No seu comunicado, a OIF, que havia enviado uma missão (de 10 de novembro de 2019 a 6 de fevereiro corrente) para participar na revisão dos cadernos eleitorais a pedido da CENI, disse que não podia mais "apoiar o processo eleitoral" de 1 de março devido à falta de consenso nacional sobre o número de eleitores.

"Na ausência de revisões do registo, a OIF recusa-se agora a apoiar o processo eleitoral como um todo", lê-se num comunicado, que afirma ser importante lembrar que o registo eleitoral de 2015 incluía dois milhões 490 mil 664 eleitores, que continuam, apesar de tudo, a aparecer, na atual base de dados.

De acordo com a OIF, um total de 98 por cento deste número de eleitores não têm documentos  de identificação.

Salienta, contudo, que o seu papel não consiste de forma alguma na validação ou invalidação do registo eleitoral guineense.

-0- PANA AC/DIM/IZ 25fev2020