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Oposição são-tomense prepara mudança de liderança para legislativas de 2018

São Tomé São Tomé e Príncipe (PANA) - O Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), maior partido da oposição são-tomense, decidiu propor a realização de um congresso para eleger uma nova liderança na perspetiva de conquistar o poder nas eleições legislativas de 2018, soube-se de fonte partidária, em São Tomé.

Aurélio Martins, atual presidente da formação política, revelou ter feito cedências, abstendo-se de ocupar o cargo de primeiro-ministro "para facilitar o entendimento (...) a unidade e a coesão do partido”, uma das exigências dos seus militantes veteranos.

Sem deixar claro se abandonará ou não a liderança do maior partido da oposição de São Tomé e Príncipe, Aurélio Martins defendeu a necessidade de se restabelecer a confiança, "para acabar com o nível de desconfiança entre a velha e a nova geração, entre a juventude e os políticos sobretudo entre os militantes”.

“Quanto à realização do congresso remetemos o assunto ao Conselho Nacional, que soberanamente decidirá pelo melhor”, indicou no termo de uma conferência partidária, mas sem avançar datas para a realização do congresso eletivo.

Em janeiro de 2018, será realizado o congresso da Juventude do MLSTP/PSD, como uma das medidas “para congregar os jovens que atualmente são o maior número de eleitores”.

Sob o lema “Unir, renovar para ganhar o futuro”, perto de 250 conferencistas debruçaram-se sobre a situação interna do partido e da atual governação, derivando ideias para a elaboração do manifesto eleitoral dos sociais democratas que será apresentado nas legislativas de 2018.

O líder do partido histórico de São Tomé e Príncipe apelou para a união e a coesão internas no seio desta força política, afirmando que espera contar “com o líder fundador (ex-Presidente da República Manuel Pinto da Costa) e outros antigos presidentes para que de mãos dadas, trabalhermos e discutamos até que encontremos a unidade para o bem do MLSTP/PSD”.

“Estamos disponíveis para trabalhar, visando gerar consensos, desbravar caminhos para as próximas conquistas, corrigir o que está mal e melhorar o que está bem”, disse em alusão à principal recomendação da conferência.

Um das decisões saídas desta conferência, que constará da agenda da próxima reunião do Conselho Nacional do MLSTP/PSD, ainda sem data, será a aprovação e a eleição de Manuel Pinto da Costa, fundador e militante número um, como membro honorário do partido.

A conferência foi organizada por um grupo de militantes, encabeçado por António Quintas, Rafael Branco e Guilherme Pósser da Costa, e na qual Manuel Pinto da Costa foi eleito mediador para a união do partido.

Entretanto, António Quintas, um dos elementos do grupo de revitalização do partido, mostrou-se “desapontado" com o formato da conferência, que, no seu entender, "deixou de fora muitos quadros intelectuais, massa crítica desta força política pelas suas posições contrárias à atual direção”.

“A atual direção precisa de um banho de legitimidade através da devolução dos votos. Mesmo na era de partido único nunca se teve medo de ir à balança através do voto em consciência”, disse.

Segundo Quintas, com a realização desta conferência, existem indicadores de “que o partido não está suficientemente unido para as próximas eleições”, embora considere que "ainda resta tempo para unir o partido para às legislativas e autárquicas de 2018".

Ele disse acreditar que, pela sua dimensão histórica, o MLSTP/PSD tem que ser um partido capaz de apresentar novos projetos e opções claras que o possam galvanizar, "porque na qualidade de partido da oposição os desafios são enormes".

“Nós admitimos a realização de um congresso donde saia uma liderança que trate da vida do partido e que possa contribuir para que possamos ganhar o futuro", disse.

No seu entender, é uma decisão que deve ser tomada pelo Conselho Nacional, onde os seus membros devem agir em consciência sem pressão nem estímulo monetário, sabendo-se que existe uma outra posição que é contra o congresso.

António Quintas considera que esta é uma situação que não pode demorar por muito mais tempo, "porque o problema se arrasta desde fevereiro, e o que se tem dito é que há mãos externas que tentam desviar o partido do seu caminho".

-0- PANA RMG/IZ 26nov2017