Agência Panafricana de Notícias

África apoia criação de Fundo Verde para Clima

Addis Abeba, Etiópia (PANA) – África apoia totalmente a proposta do Comité de Transição que realizou o novo Fundo Verde para o Clima (GCF) em outubro último, declarou quarta-feira o primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, o principal negociador do continente.

Ele fez este anúnciou depois que o Comité dos Chefes de Estado e de Governo africanos sobre a Mudança Climática (CAHOSCC), que ele dirige, discutiu sobre posições atualizadas do continente sobre a mudança climática na sede da União Africana (UA) em Addis Abeba, na Etiópia.

« Enquanto Africanos, apoiamos plenamente o relatório do Comité de Transição e insistimos para a sua adoção em Durban (África do Sul) sem discussão», declarou Zenawi à imprensa no termo da reunião.

« Esperamos realmente que o debate sobre o financiamento não seja reaberto e esperamos estar em condições de evitar um tal debate suscetível de semear a discórdia sobre o financiamento », acrescentou.

Durante a Cimeira sobre o Clima, em dezembro de 2010 em Cancun (México), as partes da Convenção-Quadro da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a mudança climática (UNFCCC) decidiram instaurar um Comité de Transição encarregue de conceber o novo Fundo Verde para o Clima.

Este comité foi encarregue de fazer recomendações na próxima reunião da Conferência das Partes (Cop) em Durban, na África do Sul, no fim do mês de novembro por aprovação.

Contudo, as reuniões que se seguiram nestes últimos meses viram emergir divergências principalmente entre os 25 países em desenvolvimento e os 15 países desenvolvidos representados no comité, relativamente à forma e às funções deste fundo.

Apesar destas divergências, o relatório do Comité de Transição já foi redigido e África espera que este amplo consenso signifique que haverá negociações sobre esta questão em Durban, segundo Zenawi.

« É possível que um ou dois países exprimam algumas reservas, mas temos a esperança de
de os convencer a adotarem o relatório. Não estão opostos à adoção do relatório pelo comité. Será contudo inconcebível que o façam em Durban », afirmou o chefe do Governo etíope para quem o objetivo da reunião desta quarta-feira é "entendermo-nos sobre uma posição atualizada" que África vai apresentar na Cimeira de Durban.

É em agosto de 2009, justamente antes da COP15 em Copenhague, na Dinamarca, que África, pela primeira vez, sentiu a necessidade de se envolver de maneira agressiva nas negociações sobre a mudança climática para se certificar de que os seus interesses serão preservados na conceição das reações mundiais.

Os responsáveis da UA declararam que, naquela altura, a ausência duma posição coordenada sobre o aquecimento climático por parte dos Governos africanos tinha seriamente limitado as capacidades de África para negociar.

Assim, o CAHOSCC preparou uma posição comum de África antes da reunião de Copenhague, com base na qual ele negociou em nome de todo o continente.

Segundo peritos, África contribui muito pouco para as emissões de gás com efeito de estufa responsáveis pelo aquecimento climático, mas deverá ser a mais afetada pelas secas, pelas inundações, pelas vagas de calor e pelo aumento do nível dos mares previstos se a mudança climática não for controlada.

Contudo, as negociações de Copenhague e de Cancun no ano seguinte não deram resultados esperados nem por África nem pelo resto do mundo que desejava progressos maiores, principalmente no tocante à redução das emissões de gás com efeito de estufa.

O principal interesse de África era obter vantagem financeiro a mais longo prazo de biliões de dólares dos principais países responsáveis por estas emissões para limitar os impactos da mudança climática.

-0- PANA OR/BOS/FJG/AAS/IBA/MAR/DD 16nov2011