Agência Panafricana de Notícias

Inspetor-geral de Polícia gambiana demite-se

Banjul, Gâmbia (PANA) - O inspetor-geral da Polícia Gambiana, Landing Kinteh, demitiu-se das suas funções devido a um tiroteio mortífero ocorrido segunda-feira última durante uma manifestação de protestos contra atividades de extração de arreia em Faraba Banta (sudeste), de acordo com um comunicado da Presidência da República publicado quinta-feira à noite em Banjul.

O inspetor-geral Kinteh entregou a sua carta de demissão ao Presidente gambiano, Adama Barrow, que a aceitou, de acordo com o comunicado.

A decisão do demissionário justifica-se pelo tiroteio supracitado de que resultou a morte de três cidadãos a balas reais disparadas contra manifestantes em Faraba Banta, lê-se na nota.

Anunciando a sua demissão à imprensa em Banjul, Kinteh declarou que, enquanto comandante em chefe da Polícia, lhe convinha demitir-se logo depois do incidente de Faraba Banta, porque, sublinhou, se sentia embaraçado por estes falecimentos que, a seu ver, não são abonatórios para as forças de segurança do país.

Por sua vez, o Presidente Barrow anunciou a suspensão das atividades mineiras até à nova ordem, exigindo do Alto Comando dos Serviços de Segurança em causa a abertura rápida de um inquérito sobre o sucedido.

O chefe de Estado gambiano declarou-se "profundamente consternado" por este confronto durante o qual ficaram feridos três agentes de polícia, um jornalista e oito habitantes de Faraba Bantang, advogando no entanto a calma e a moderação.

Kinteh foi o primeiro comandante da Policia nomeado pela nova administração do Presidente Adama Barrow, em substituição de Yankuba Sonko, designado pelo ex-Presidente Yahya Jammeh (de 1994 a 2017).

Antes da sua nomeação, o comandante da Polícia estava ao serviço da Missão Híbrida de Manutenção da Paz da União Africana e das Nações Unidas na conturbada região de Darfur (oeste sudanês).

Além dos três mortos, houve vários feridos durante um confronto entre os manifestantes que se insurgiam contra uma empresa que explora arreia contra o seu agrado e agentes de Polícia que os tentavam impedir, indica a fonte.

Porém, a Human Right Watch (HRW) e a Amnistia Internacional (AI) pediram quarta-feira última às autoridades gambianas para abrirem um inquérito aprofundado sobre o presumível uso exagerado da força pela Polícia que causou a morte de dois manifestantes contra as extração de arreia segunda-feira última.

Num comunicado, as duas Organizações Não Governamentais (ONG) de defesa dos direitos humanos pediram ao Governo gambiano para acelerar as reformas necessárias a fim de que as forças de segurança governamentais sejam formadas e equipadas para lidar com manifestações em conformidade com as normas internacionais em matéria de direitos humanos.

-0- PANA MLJ/MA/FJG/JSG/DD 22junho2018