Agência Panafricana de Notícias

Inocentado religioso cabo-verdiano acusado de tráfico de órgãos no Togo

Praia, Cabo Verde (PANA) - António Monteiro dos Anjos, pastor cabo-verdiano da Igreja Adventista do Sétimo Dia acusado pela Justiça togolesa de conspiração, tráfico de sangue e de órgãos e assédio sexual a 12 menores, foi declarado inocente pelo Tribunal de Relação de Lomé, apurou a PANA domingo de fonte familiar.

O pastor adventista, posto em liberdade esta segunda-feira, foi detido a 12 de março de 2012, com outros envolvidos, suspeitos e acusados de pertencerem a uma suposta quadrilha de criminosos que traficavam sangue humano.

O seu um julgamento iniciou-se sexta-feira passada e durou cerca de dois dias.

Desde o início da sua detenção, o religioso, que trabalhava na representação da Igreja Adventista do Sétimo Dia no Togo, defendeu a sua inocência, mas as autoridades togolesas optaram por dar crédito ao depoimento de um outro indivíduo detido em flagrante.

Durante a sua de detenção em isolamento total, o religioso foi informado de que a detenção ocorreu na sequência de uma denúncia por tráfico de sangue e órgãos humanos.

Após 14 dias de detenção, ele foi transferido para a Prisão Civil de Lomé onde esteve preso enquanto decorria um processo de investigação ordenado pelo Ministério Público no sentido de apurar a verdade dos factos.

No dia 4 de abril passado ocorreu a primeira audiência onde foram ouvidas testemunhas e o pastor, tendo sido confirmada nessa altura a prisão preventiva do arguido até à audiência de discussão e julgamento.

Durante o tempo em que esteve preso, a direção da Cadeia de Lomé chegou a proibir todas as visitas ao preso, mas por pressão da Igreja Adventista Internacional e dos familiares, a instituição voltou atrás na sua decisão.

No entanto, o pedido de liberdade condicional do arguido foi indeferido pelo Tribunal da Relação do Togo.

A detenção do religioso, que passou os últimos 22 meses no estabelecimento prisional da capital togolesa, deu lugar a uma ampla campanha de solidariedade em favor da sua libertação e que envolveu não só os seus familiares em Cabo Verde e membros da Igreja Adventista, como também entidades cabo-verdianas.

O Governo cabo-verdiano acompanhou o caso através da sua Embaixada em Dakar (Senegal), e do próprio Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, que chegou a abordar o assunto com o seu homólogo togolês Faure Gnassingbe, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro de 2012.

Já em julho do ano passado, o chefe de Estado cabo-verdiano enviou um emissário ao Togo para entregar uma carta ao presidente do Togo sobre a detenção de pastor adventista.

Com o desfecho do caso no Tribunal e consequente libertação do acusado, os familiares do missionário anunciaram que irão fazer tudo para António dos Anjos regressar ainda esta semana a Cabo Verde.

-0- PANA CS/IZ 12jan2014