Agência Panafricana de Notícias

África precisa de mudar de paradigma no setor agrícola, dizem peritos

 

Luasaka, Zâmbia (PANA) - Especialistas africanos do Programa Abrangente de Desenvolvimento Agrícola de África e da Segurança Alimentar (CAAD PP, sigla inglês) reconhecem que é claramente necessária uma mudança de paradigma no setor agrícola para o desenvolvimento sustentável no continente negro, soube a PANA de fonte oficial.

Apesar do facto de ter havido desenvolvimento em vários setores agrícolas em África, esta mudança passa necessariamente pelo investimento substantivo para melhorar o sistema agricola com vista a uma agricultura moderna a fim de aumentar a produção, prosseguiram os peritos durante a 19.ª edição do CAAD PP, ocorrida de 30 de outubro a 2 de novembro de 2023 em Lusaka, a capital zambiana.

O sistema agrícola deve melhorar a produtividade e agregar valores por meio  de mercados e serviços, de modo a transformar radicalmente o setor  e permitir que o continente se alimente e seja um dos principais exportadores líquidos de alimentos, preconizaram.

Neste quesito, eles advertem que há uma necessidade urgente de se acelerar a implementação do programa, que, a seu ver, é uma estrutura continental para a transformação da agricultura e uma estratégia de crescimento liderada pela agricultura para se atingir metas ambiciosas de segurança alimentar e nutricional, conforme descrito na Declaração de Malabo (Guiné-Equatorial), emitida em 2014.

Acreditam também que a rede de parlamentares é muito útil para impulsionar o CAAD PP a nível de base e garantir que os Estados membros adiram  e  tenham em consideração a sua agenda de atribuição de um orçamento adequado ao setor agrícola marginalizado em muitos paises africanos.

Especialistas  concluíram que se deve envolver  com maior participação dos agentes não estatais nos sistemas agroalimentares e da agricultura com vista a garantir uma segurança alimentar e assegurar riquezas nas  comunidades.

Acreditam que a construção de sistemas alimentares resilientes e inclusivos para África é o desafio a ter em conta desta geração, já que, frisaram, mais de 250.000.000 africanos morrem a fome.

Preconizaram como metas questões ligadas a perspetivas dos parceiros sobre a situação do comércio agroalimentar e da segurança alimentar e nutricional.

Também estão na mira grandes  priorioridades, a reflexão sobre os últimos 20 anos do CAAD PP, prioridades para os dois anos restantes.

Interrogaram-se finalmente sobre o que virá depois da agenda pós-Malabo e os próximos passos do ciclo do CAAD PP.

Referindo-se a evidências do terceiro relatório bienal do CAAD PP, alertaram que o crescimento e a transformação agrícola em África está a vacilar desde 2015, devido a choques induzidos pelo clima e pela pandemia da covid-19.

Consequentemente, consideram que há muito trabalho a ser feito para que o continente volte ao caminho certo a fim de cumprir as metas da declaração de Malabo.

Os resultados deste  relatório de revisão bienal apresentado recentemente  revela  que o continente não está em vias de atingir nem cumprir com os objetivos do crescimento acelerado da agricultura em África, conforme previsto na  Declaração de Malabo.

Segundo a conclusão do Registo Africano de Transformação da Agricultura (AATS, sigla em inglês),  estes dados são inferiores aos quatro  Estados membros que estavam no caminho certo em 2019, durante o segundo ciclo de revisão bienal,  embora os restantes 50 Estados membros não estejam no bom caminho.

Vinte e um outros são considerados como estando a progredir bem, tendo pontuado cinco mas menos do que a referência de 7,28, segundo o mesmo registo.

-0- PANA JS/DD 6novembro2023