Agência Panafricana de Notícias

Três jornalistas africanos selecionados para o Prémio RSF de 2018

Paris, França (PANA) – Os jornalistas marroquino Hamid el Mahdaoui, egípcio Khaled el Balshy e ganense Anas Aremeyaw Anas foram designados entre os 12 jornalistas, Organizações não Governamentais (ONG) e mídias do mundo selecionados para o Prémio da Liberdade de Imprensa cuja cerimónia está prevista para novembro próximo, em Londres, capital britânica.

Hamid el Mahdaoui, diretor do site marroquino badil.info e figura incontornável das redes sociais marroquinas, foi selecionado para o Prémio da Coragem que recompensa a coragem demonstrada no exercício, na defesa ou na promoção do jornalismo, num clima hostil e apesar do perigo para a liberdade ou segurança individuais.

Hamid el Mahdaoui é conhecido pelas suas tomadas de posição críticas contra o poder e pelos seus vídeos difundidos no YouTube em que ele comenta a atualidade, tendo já sido objeto de uma dezena de queixas, nomeadamente por difamação.

Detido a 20 de julho de 2017 em Al-Hoceïma, província de Rif, por cobrir uma marcha pacífica proibida alguns dias antes pelas autoridades marroquinas, Hamid el Mahdaoui foi condenado, em 2017, a um ano de prisão efetiva por "incitação a uma manifestação proibida".

Foi igualmente condenado, a 28 de junho último, a três anos de prisão efetiva por « não denúncia de atentado contra a segurança do Estado ».

Khaled el Balshy, antiga grande figura do sindicato dos jornalistas, fundador e diretor de informação de vários sites de notícias, foi desginado para o Prémio do Impacto que recompensa trabalhos que tenham permitido melhorar a liberdade, a independência e o pluralismo dos jornalistas ou uma tomada de consciência sobre esta questão.

Regularmente vítima de campanhas de difamação, Khaked el Balshy é perseguido pelo regime egípcio pelas suas atividades profissionais e pelo seu compromisso de defender a liberdade de imprensa e os seus colegas no país.

Não tem hesitado em engajar-se junto das autoridades pelos seus colegas detidos e em lançar ou colaborar em petições para protestar contra medidas ou leis repressivas contra a imprensa.

Anas, que se apresenta disfarçado por um véu em todas as suas aparições públicas, é considerado como a figura do jornalismo de investigação independente na África Ocidental.

Foi selecionado para o Prémio da Independência dedicado a um jornalista, mídia ou organização pela sua resistência às pressões financeiras, políticas, económicas e religiosas.

A alguns dias da publicação do seu último inquérito sobre a corrupção no futebol ganense, Anas Aremeyaw Anas foi ameaçado de morte em direto na rádio por um deputado da maioria no poder, o que o levou a esconder-se e a comunicar através de mensagens codificadas com os seus interlocutores.

Apesar das pressões políticas e das ameaças à sua segurança, Aremeyaw Anas conseguiu difundir em junho último o seu documentário intitulado « Número 12 » que mostra o presidente da Federação Ganense de Futebol a aceitar subornos.

Em 2015, o seu inquérito sobre a magistratura culminou na suspensão de 30 juízes.

-0- PANA BM/BEH/SOC/FK/DD/IZ 22out2018