Agência Panafricana de Notícias

Taxa de pobreza em Cabo Verde situa-se em 28,1 por cento, diz INE

 

Praia, Cabo Verde (PANA) - A taxa de pobreza em Cabo Verde situou-se, em 2022, em 28,1 por cento, o que, apesar de representar uma redução de 3,2 por cento em relação a 2020, permanece ainda acima dos níveis da pré-pandemia que começou em 2019, apurou a PANA de fonte oficial.

Segundo estimativas divulgadas segunda-feira última pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE), após o início da pandemia da covid-19 no arquipélago cabo-verdiano, o fluxo do turismo foi interrompido, resultando num Produto Interno Bruto (PIB) negativo de 19,3 por cento.

Como consequência, as estimativas indicam que a pobreza aumentou 3,6 pontos percentuais entre 2019 e 2020, levando aproximadamente 20.700 indivíduos à pobreza, quase revertendo os ganhos na sua redução  quatro anos antes.

No entanto, com o declínio relacionado com a pandemia, o crescimento económico do país foi retomado em 2021 e 2022, e, segundo as estimativas, a taxa de pobreza diminuiu nesse período.

Numa análise por meio de residência, os dados indicam que as zonas urbanas foram as mais atingidas, apresentando um aumento da pobreza de 4,9 pontos percentuais entre 2019 e 2020, em comparação com 1,7 pontos percentuais em zonas rurais.

Entre 2020 e 2022, as áreas urbanas experimentaram maiores aumentos no consumo, em comparação com as áreas rurais, justificado pelo facto de a pandemia ter afetado desproporcionalmente as áreas urbanas, devido ao impacto das medidas de confinamento e à interrupção completa do setor do turismo.

Pelo que, constatou o INE, o aumento da pobreza está associado a um novo tipo de agregados familiares pobres, com maior probabilidade de serem urbanos.

"O género desempenhou um papel fundamental na definição do estatuto da pobreza em Cabo Verde, em 2015, onde 61 por cento dos agregados familiares pobres eram liderados por mulheres, contra 39 por cento por homens", observou.

Embora esta diferença tenha diminuído até 2019, as estimativas para 2020 e 2022 sugerem que a percentagem de agregados familiares pobres, representados por mulheres, ultrapassou os níveis de 2015, atingindo 62 por cento e 66 por cento, respetivamente.

Conforme ainda a mesma fonte, este padrão pode ser explicado pela grande proporção de mulheres empregadas no setor de serviços  (84,3 por cento), que foi o mais atingido durante a pandemia da covid-19.

Por outro lado, a percentagem de agregados familiares rurais pobres manteve-se consistente, tendo sublinhado evidências de crescimento pró-pobres entre 2015 e 2019, daí sugerir melhorias na desigualdade de consumo, segundo o INE.

-0- PANA CS/DD 19abril2023