Agência Panafricana de Notícias

Taxa de desemprego aumenta 3,2 por cento em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) – A taxa de desemprego em 2020, em Cabo Verde, foi de 14,5 por cento, o que representa um aumento de 3,2 pontos percentuais em relação ao ano anterior, afetado pela pandemia da covid-19, apurou a PANA na capital cabo-verdiana.

Segundo dados do mercado de trabalho em Cabo Verde, divulgados sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE), em 2020, estima-se que o mercado de trabalho perdeu 19.718 empregos, com uma taxa de desemprego a aumentar de 11,3 por cento para 14,5 por cento e o país a ter uma população desempregada estimada em 31.724 pessoas.

No entanto, estes dados do INE ficam ainda um pouco abaixo das previsões do Governo, que estimava uma taxa de desemprego, até final de 2020, em quase 20 por cento, devido aos efeitos da covid-19 no arquipélago, que contava com uma população de 555.839 habitantes.

Em 2020, os concelhos do Porto Novo, em Santo Antão, e de Santa Cruz, em Santiago, registaram as maiores taxas de desemprego do país, com 22,3 por cento e 21,5 por cento, respetivamente.

Seguem-se os concelhos do Sal (19,5 por cento), São Domingos (18,6 por cento) e Boa Vista (18 por cento).

Em sentido contrário, as menores taxas de desemprego foram assinaladas nos concelhos de Santa Catarina do Fogo (3,0 por cento), São Filipe (4,1 por cento) e Tarrafal Santiago (6,0 por cento).

No ano transato, o INE constatou igualmente um aumento do desemprego juvenil (15-24 anos de idade), que foi de 32,5 por cento, um aumento de 7,6 pontos percentuais face a 2019, e, entre os jovens de 25 a 34 anos de idade, é de 18,6 por cento, ou seja, mais 5,3 pontos percentuais face ao ano homólogo.

O total de jovens dos 15 aos 35 anos de idade sem emprego e fora do sistema de ensino ou formação é estimado em 77.480, representando 35,4 por cento, em 2020, e regista um aumento de 34,5 por cento (19.875) face a 2019.

Já a população inativa aumentou em 21.332 pessoas no ano passado, fixando em 193.735 pessoas, e, em consequência, a taxa de inatividade aumenta 4,4 pontos percentuais, passando de 42,6 por cento em 2019 para 47 por cento em 2020.

De acordo com os resultados do inquérito, no ano passado houve uma diminuição de 6,1 por cento na população economicamente ativa (14.253), estimada em 218.351 pessoas disponíveis para o mercado de trabalho, representando uma taxa de atividade de 53 por cento, valor inferior em 4,4 pontos percentuais face aos resultados de 2019 (57,4 por cento).

Já a população empregada em Cabo Verde foi estimada em 186.627 pessoas, diminuindo 9,6 por cento (19.718 pessoas) e a taxa de emprego/ocupação situou-se em 45,3 por cento, diminuindo 5,7 pontos percentuais face a 2019 (50,9 por cento).

As estatísticas do mercado de trabalho revelam ainda que a estrutura dos empregos por setor de atividade mantém-se, com o setor terciário a liderar e absorver a maioria dos empregos (65,6 por cento), mas diminuiu 1,9 pontos percentuais o seu peso relativo face a 2019.

"O impacto negativo nos empregos do setor terciário deve-se essencialmente à perda de empregos nos ramos de atividade relacionados com alojamento e restauração, comércio e transporte", explicou o INE.

Segundo o instituto, as ilhas do Sal e da Boa Vista são mais afetadas pela pandemia, por serem as mais turísticas do arquipélago, que depois de um recorde de 819 mil turistas em 2019 teve uma queda superior a 60 por cento em 2020 neste setor que garante 25 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

Já o setor secundário, consequência da diminuição de empregos nos ramos de construção e indústria transformadora, registou uma diminuição de 6.616 empregos e do seu peso relativo em 1,3 pontos percentuais face a 2019, passando a absorver 37.642 empregos e representar 20,2 por cento do total dos empregos no país.

Em sentido contrário, o setor primário registou um aumento de 3.145 empregos, e 2,8 pontos percentuais no peso relativo, passando de 10,9 por cento em 2019 para 13,7 por cento em 2020.

Por sua vez, o setor empresarial privado continuou a absorver a grande maioria dos empregos (41,0 por cento), estimando-se que 25,7 por cento dos empregos são por conta própria.

Outro dado constatado pelo INE é que 51,6 por cento dos empregos são informais, na sua maioria trabalhadores por conta própria (46,6 por cento) ou por conta de outrem no setor privado, mas que não beneficiam de proteção social.

Comparando com o ano de 2019, o INE concluiu que houve uma diminuição de 14.615 empregos informais, enquanto a população subempregada é estimada em 23.513 pessoas e a taxa de subemprego em 12,6 por cento.

No ano de 2020, em que começou a pandemia da covid-19 em Cabo Verde, o INE sublinhou que teve também limitação interna na produção das estatísticas oficiais, mas tem vindo a assegurar os compromissos assumidos e continuará a manter o calendário estatístico atualizado.

Apesar de tudo, garantiu que os agregados familiares têm vindo a colaborar, esperando que o mesmo aconteça durante a recolha de dados para o quinto Recenseamento Geral da População e Habitação (RGPH-2020), que arranca em junho próximo.

-0- PANA CS/DD 15maio2021