Agência Panafricana de Notícias

Religiosos centroafricanos exortam grupos armados a libertarem crianças reféns

Bangui, República Centroafricana (PANA) - A plataforma das confissões religiosas da República Centroafricana apela aos líderes dos grupos armados ex-Seleka, anti-Balaka, autodefesa ou outro" para libertarem as crianças reféns que lhes servem.

"Deixem de recrutar e utilizar crianças. Libertem todos os que servem nas vossas fileiras como combatentes, cozinheiros, portadores, informadores e outros", aconselhou quarta-feira o presidente em exercício da plataforma, o reverendo-pastor Nicolas Guerekoyame-Gbangou, durante uma conferência de imprensa semanal da MINUSCA (Missão das Nações Unidas na República Centroafricana).

Este apelo foi lançado no quadro da celebração, a 16 de junho corrente, do Dia da Criança Africana, para chamar atenção sobre estes atos que constituem uma violação grave do direito internacional humanitário e das resoluções pertinentes do Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas sobre o rumo das crianças em conflitos.

De facto, novas alegações de recrutamento e de utilização de crianças foram registadas pelo grupo de trabalho especial das Nações Unidas neste país.

Mais de nove mil crianças foram retiradas dos grupos armados, nomeadamente anti-balaka, mas milhares de outras continuam ainda associadas a diversos grupos armados ou de autodefesa, devido a confrontos em curso no país.

"Esta tendência pode continuar se os confrontos persistirem", alertou este responsável.

Falando em francês depois em Sango (dialeto nacional), o presidente em exercício da Plataforma das confições religiosas pediu o fim "dos ataques contra comunidades, dos raptos, dos assassinatos, das mutilações e das violações contra as crianças".

"Tomar uma criança de oito anos, formatá-la para a levar a participar em combates é inaceitável e isto deve igualmente acabar", indignou-se o reverendo pastor.

Para o administrador interino da unidade Proteção da Criança da MINUSCA, Charles Fomunyam, "das cerca de nove mil crianças retiradas, 80 porcento beneficiaram de programas de reintegração social enquanto outras estão ainda à espera, devido a insuficiência de recursos disponíveis".

-0- PANA SSB/JSG/MAR/DD 15junho2017