Agência Panafricana de Notícias

Reações na Mauritânia a eventos no Burkina Faso

Nouakchott, Mauritânia (PANA) – Os eventos ocorridos quinta-feira no Burkina Faso, onde o Présidente da República, Blaise Compaoré, parece ter perdido o poder, depois de 27 anos de regime, após uma tentativa de modificação da Constituição, suscitaram vivas reações no seio da classe política mauritana e na imprensa local, constatou a PANA no local.

Para o Professor Lô Gourmo Abdoul, vice-presidente da União das Forças de Progressos (UFP, oposição), o Presidente Compaoré deve compreender e poupar ao seu povo enfados e sofrimentos terríveis do caos.

Segundo ele, este último deve aceitar « o veredito da rua que é o do povo, já que corrompeu há muito tempo o das urnas recusando-se a eleições democráticas e transparentes e buscando agora uma modificação oportunista da Constituição ».

Quanto a El Houssein Ould Mohamed Salem, um quadro superior, percebe através dos eventos da capital burkinabe « o início duma primavera africana através dum processo irreversível ».

Para ele, « os ditatores que roubam os bens públicos sem escrúpulo e desejam ficar eternamente no poder devem compreender que serão julgados pela história ».

« Os dirigentes africanos não se conseguem convencer de que, mesmo se o exercício do poder parece como uma espécie de paraíso terrestre, isto deve necessariamente ser limitado no tempo. Dai a ideia da alternância », constatou coma desolação o diretor de Biladi (semanário independente), Moussa Ould Hamed.

O jornalista disse estar « surpreendido que um líder do gabarito de Blaise Compaoré, duma grande inteligência, não possa negociar uma saída honrosa insistindo em manobras arriscadas para terminar como Gbagbo (ex-Presidente ivoiriense), ou nas mesmas condições trágicas que Kadafi (ex-líder líbio) e Saddam Hussein (ex-Presidente iraquiano)».

Quinta-feira, o chefe de Estado-Maior do Exército burkinabe, o general Honoré Traoré, anunciou a dissolução da Assembleia Nacional, do Governo, um recolher-obrigatório e uma transição de 12 meses.

Poucas horas depois, o número dois da guarda presidencial de Compaoré, o tenente-coronel Yacouba Isaac Zida, autoproclamou-se Presidente da República para garantir o interino.

-0- PANA SAS/JSG/MAR/DD 1nov2014