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Professores universitários ameaçam greve em Angola

Luanda, Angola (PANA) - Os docentes universitários angolanos deram ao Governo até 15 de maio deste ano para aprovar um novo estatuto remuneratório e outro da carreira do professor universitário para evitar uma nova greve nas instituições públicas do ensino superior.

Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Professores do Ensino Superior (SINPES), Eduardo Peres, as preocupações da classe constam de um caderno reivindicativo apresentado à entidade patronal, desde 2013, quando se realizou uma greve interpolada.

“Pedimos que estes documentos (estatutos) sejam tidos em conta o mais rápido possível, para não se despoletar uma greve”, revelou Eduardo Peres à imprensa esta terça-feira, em Luanda.

Falando no termo de uma reunião sobre a questão com a ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, Maria do Rosário Sambo, o sindicalista indicou que o estatuto remuneratório "vai resolver o problema salarial, uma vez que os ordenados são baixos.

Espera-se que, com a aprovação do novo estatuto remuneratório, o salário do professor assistente passe de 181 mil kwanzas angolanos para 301 mil kwanzas e o do professor titular de 360 mil kwanzas para 500 mil kwanzas (um dólar americano equivale a cerca 200 kwanzas).

“O nível de vida dos professores do ensino universitário é miserável”, assegurou o líder sindical, acrescentando que, desta vez, "o sindicato voltou a reiterar ao Ministério do Ensino Superior a solução dos problemas da classe docente e dos trabalhadores não docentes".

Atualmente um professor assistente aufere mensalmente 181 mil kwanzas, enquanto o titular recebe 360 mil kwanzas.

Na reunião de terça-feira, a ministra Maria do Rosário Sambo esclareceu que o Estatuto de Carreira do Professor "já se encontra no Conselho de Ministros para aprovação", enquanto que o Estatuto Remuneratório "aguarda pelos pareceres dos Ministérios das Finanças e da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social".

Para além dos baixos salários, constam também entre os principais problemas dos professores universitários a dívida para com alguns deles, o não pagamento de alguns subsídios e a falta de seguro de trabalho e de transporte.

De acordo com o secretário-geral do SINPES, existem atualmente professores com salários em atraso desde 2011, sobretudo os admitidos no concurso público 2012 e 2013.

A título de exemplo, Eduardo Peres apontou os casos dos docentes que trabalharam para a abertura de determinadas instituições superiores como a Escola Superior do Bengo, e que não receberam salário, durante dois anos.

“Estamos preocupados com as condições de vida dos professores universitários”, salientou Eduardo Peres, defendendo que o país devia ajudar a criar um crédito automóvel e de habitação para o professor universitário, como acontece noutras parte do mundo.

-0- PANA IZ 17abril2018